Eros: a atração amorosa
Ἔρως, ὃς ἐν κτήμασι πίπ-
τεις, (...)
καί σ' οὔτ' ἀθανάτων
φύξιμος οὐδεὶς οὔθ'
ἁμερίων ἐπ' ἀνθρώ-
πων, ὁ δ' ἔχων μέμηνεν.
Eros, invencível no combate;
Eros, tu que riquezas conso-
mes, (...)
De ti nenhum dos imortais
é capaz de fugir,
nenhum dos homens que só duram
um dia. Quem te possui enlouquece.
Divindade muito antiga, personificação do impulso vital amoroso que compele deuses e homens a se unir e gerar descendência.
Sumário
Origens
Na época da criação, Eros surgiu depois de Gaia, provocou a união entre Érebo e Nix e, mais tarde, entre Gaia e Urano, os quatro ancestrais primevos de quase todas divindades gregas.
Mais tarde acompanhou Afrodite, a deusa do desejo amoroso, quando ela se juntou aos outros deuses.
Em algum momento, provavelmente entre a época de Hesíodo e a de Simônides, Eros começou a ser considerado filho de Afrodite e de Ares, versão mais difundida sobre sua origem.
Associado a Afrodite, personificava todos os sentimentos ligados ao amor e ao desejo, inclusive a paixão física e a atração homossexual. Seu poder afetava o coração (Ilíada
As tentações de Eros e seu comportamento “travesso”, reiterados constantemente em diversos mitos, surgiram mais ou menos na época de Anacreonte. O primeiro a mencionar o arco e as flechas do deus foi Eurípides, em meados do Período Clássico.
Nas primeiras décadas do século
Na versão mais corrente de sua lenda, moldada principalmente durante o Período Helenístico, ele é um menino travesso e caprichoso, dotado de asas e armado de arco e flecha. Impiedoso e irresistível, Eros atira setas que têm a propriedade de deixar o coração de mortais e imortais completamente inflamados de amor. Nessa versão, é o mais jovem dos deuses, não uma das divindades primordiais.
Hesíodo, Teogonia
Variantes
Para Aristófanes (Aves
Safo
Iconografia
As atividades cosmogônicas de Eros nunca foram representadas na Arte. Do Período Arcaico em diante, ele se tornou símbolo do amor e das relações amorosas e aparece nas cenas de vasos como adolescente ou homem jovem, quase sempre alado, às vezes na companhia de Afrodite. Isoladamente, aparece em casamentos e quartos femininos e também em competições atléticas.
Em Téspias havia esculturas de Eros feitas por Praxíteles e Lisipo e, em Mégara, uma de Escopas; todas se perderam. Ele também foi pintado por Zêuxis e Pausias.
Sua presença frequentemente marcava algum tipo de relacionamento amoroso entre as outras figuras. Do Período Clássico em diante, Eros e Erotes progressivamente se tornaram crianças pequenas, rechonchudas, simpáticas e dotadas de asas, onipresentes em cenas nas quais atos amorosos eram evidentes ou implícitos.
Em obras de arte romanas, da Idade Média e do Renascimento, notadamente, os erotes serviam de metáfora para relações sexuais que o artista não queria (ou não podia) representar abertamente.
Os mitos de Eros
Depois da criação do Universo e apesar de ser “o mais belo dentre os deuses imortais” (Hesíodo, Teogonia 120), Eros participa de poucos mitos.
Com ou sem Afrodite, ele tem pequenas participações nas narrativas míticas. Na Argonáutica, por exemplo, Afrodite lhe pede que faça Medeia se apaixonar por Jasão.
A única lenda de que participa mais extensamente é a Eros e Psiquê, muito popular do Período
Anteros
Anteros (gr.
Um dos Erotes, fisicamente muito semelhante a Eros, era comumente representado ao seu lado ou, às vezes, em oposição a ele.
Platão, Fedro 255d; Pausânias
É tentador imaginar que, em quatro cenas nas quais Afrodite pesa dois Erotes (as erotostasias), um deles é Eros e o outro, Anteros — isso é, contudo, só especulação.
Cultos
Segundo Platão, Eros não inspirou hinos religiosos até sua época, o século
Posteriormente, Eros passou a ser cultuado em Téspias (Beócia) na forma de uma pedra, talvez vestígio de sua função cosmogônica. Um grande festival denominado Erotidia era celebrado a cada cinco anos, com provas atléticas, equestres e competição de arte.
Em Atenas ele foi cultuado mais discretamente, juntamente com Afrodite; símbolos fálicos encontrados em santuário ao norte da acrópole sugerem rituais de fertilidade. Festival dedicado a Eros, talvez juntamente com Afrodite, ocorria todos os anos.
Espartanos e cretenses ofereciam sacríficios a Eros antes das batalhas; o bando sagrado tebano era consagrado a ele.
Havia estátuas dele nos ginásios e templos de Afrodite em diversas póleis e, muitas vezes, altares em sua honra. Em Atenas, pelo menos, havia um altar dedicado a Anteros.
Recepção
Eros era frequentemente mencionado pelos poetas de forma vívida, quase sempre quando o tema envolvia questões amorosas. Sófocles
O amor foi longamente discutido do ponto de vista filosófico por Platão nos diálogos Fedro e Banquete.
Luciano, no seu Diálogo dos deuses, apresenta
Um imitador de Luciano escreveu
Os artistas romanos e renascentistas pintaram, esculpiram e modelaram Eros e Erotes em incontáveis obras e, ocasionalmente, Anteros. Os pequenos e rechonchudos “erotes” se tornaram motivo ornamental corriqueiro, o putto, ‘menino’ (pl. putti).
Em
Em 1898, o nome “Eros” foi dado a um grande asteroide, o