Pausânias / Descrição da Grécia
A única obra conhecida de Pausânias é a descrição de sua visita à Grécia, destinada a romanos cultos e apreciadores da cultura helênica.
Sumário
O texto é um dos mais antigos livros de viagens da literatura europeia e, consequentemente, um dos primeiros exemplos da “literatura periegética”.
Biografia e obra
As únicas informações disponíveis a respeito de Pausânias são alguns dados
espalhados por sua própria obra.
Seu livro, intitulado Descrição da Grécia (gr.
Observador e curioso, Pausânias
Homem culto, apoiou com frequência suas observações com citações de autores gregos diversos e de outros viajantes. Em que pese a subjetividade de suas informações e a distinção nem sempre adequada entre história e mito, sua obra “é de valor inestimável para o conhecimento da antiga Grécia, especialmente em relação à sua mitologia, folclore e cultos religiosos e, acima de tudo, da história da arte grega” (Peck, 1898)
Resumo
O texto ocupa, na edição de Jones e Ormerod, quatro volumes com cerca de 400 páginas cada um.
Há 10 livros, assim distribuídos:
- Ática e Megárida;
- Corinto;
- Lacônia;
- Messênia;
- Élida (1ª parte);
- Élida (2ª parte);
- Acaia;
- Arcádia;
- Beócia;
- Fócida e Lócrida Ozoliana.
A ordem da exposição é nitidamente
topográfica; cada local evoca as coisas dignas de serem vistas (
folio 1
Especial atenção é dada à descrição das esculturas, pinturas, templos e outras obras
Várias considerações (mas não muitas) são de origem estritamente geográfica. Além da descrição de diversos acidentes geográficos (montanhas, rios, fontes), faz numerosas digressões sobre as maravilhas da natureza, enumera os sinais que avisam da aproximação dos terremotos, discorre sobre o fenômeno das marés, sobre o gelo dos mares do norte e sobre o solstício de verão.
O texto
Embora o plano da obra não seja fixo, em geral a descrição de cada cidade começa com uma breve sinopse de sua história e uma lista de monumentos, em ordem topográfica.
Em relação à cidade de Atenas, por exemplo, falta a sinopse histórica, mas a descrição começa pelo porto, passa pela entrada da cidade e contempla as obras de arte e os monumentos de interesse à medida que o trajeto prossegue.
Manuscritos, edições e traduções
Os três mais importantes manuscritos, todos datados de
Todos derivam de manuscrito adquirido por Niccolò Niccoli de Florença em 1418, hoje desaparecido.
Editio princeps: a Aldina (Veneza, 1516), preparada por Marcus Musurus. Mais
completa, no entanto, é a de Wilhelm Xylander e Friedrich Sylburg, publicada em 1583. Edição padrão: Maria Helena da Rocha Pereira (Leipzig,
Passagens selecionadas
Em português, dispúnhamos apenas da tradução de passagens selecionadas, publicadas por Rocha Pereira em 1959; agora temos também uma excelente tradução do Livro I, o mais extenso, profusamente anotada (Sousa e Silva, 2022).