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Os ventos e os astros

Para os antigos gregos, alguns astros do firmamento e os ventos eram divindades aparentadas.

miniatura Bóreas e Oritia

Da parte de Éos, a Aurora, eles descendiam dos titãs; da parte de Astreu (irmão de Palas e de Perses) descendiam de Ponto, a mais primordial das entidades marinhas.

Desse grupo de divindades, somente os ventos têm participação em algumas histórias da mitologia.

Astros

Astreu (gr. Ἀστραῖος), filho do titã Crio e de Euríbia, filha de Ponto, uniu-se a Éos, a Aurora, e gerou os ventos, os astros visíveis do firmamento e Heósforo, personificação da estrela da manhã.

Heósforo (gr. Ἡωσφόρος, lat. Lucifer) teve um filho, Céix, que se casou com Alcione, filha de Éolo (Apolodoro, Biblioteca 1.7.4; Ovídio, Metamorfoses 11.271-2).

genealogia dos ventos e astros

Os ventos

No mito, os ventos mais importantes eram Zéfiro (gr. Ζέφυρος), o vento oeste, suave e primaveril, e Bóreas (gr. Βορέας), o vento norte, invernal, frio e violento. Noto (gr. Νότος) era o vento sul, quente e sufocante.

Em suas andanças, Odisseu encontrou-se com Éolo, ‘mestre dos Ventos’ [Ilum. 0103a], não mencionado em outras fontes (Od. 10.1-33), mas que certamente nada tem a ver com Éolo, pai de Alcione.

Na luta de Zeus contra Tífon, Noto lançou contra o monstro intensa lufada de ar quente (Nono, Dionisíaca 2.534-6).

Acreditava-se que os ventos podiam assumir forma de cavalo e gerar filhos. Assim, Zéfiro era considerado o pai de Xanto e Bálio, dois cavalos imortais, capazes de falar; e Bóreas gerou nas éguas do rei Erictônio, de Atenas, doze potros tão velozes que, quando corriam sobre um campo de trigo, as espigas nem se curvavam...

Zéfiro, em algumas versões, era o marido de Íris, a mensageira de Zeus e de Hera, e é personagem da lenda de Jacinto. Bóreas raptou Orítia, filha de Erecteu, rei de Atenas, e teve com ela dois filhos, Calais e Zetes, ambos capazes de voar. Eles são frequentemente chamados de boréadas, ‘filhos de Bóreas’, e participaram da aventura dos argonautas.

A fonte básica da genealogia, da qual quase todas as outras derivam, é Hesíodo (Teogonia 371-82). Os ventos e os boréadas eram entidades que voavam e eram, portanto, quase sempre representados com asas nos vasos gregos e também nas esculturas.