Sófocles
Sófocles é o segundo dos poetas trágicos gregos canônicos e o mais bem sucedido autor de
tragédias do século
Sumário
Os atenienses veneravam Ésquilo, compreendiam Eurípides (apenas em parte) e amavam Sófocles apaixonadamente...
Desde sua primeira vitória, aos 28 anos, Sófocles foi festejado e homenageado como o maior dos poetas trágicos e, de acordo com a tradição biográfica, participou ativamente da vida pública de Atenas. É o poeta com o maior número de vitórias nos concursos dramáticos de Atenas.
Biografia
O poeta nasceu c.
Como todo autor antigo, a tradição conservou uma série de histórias a seu respeito, a maioria delas não comprovada.
Bem apessoado, afável, consta que foi amigo de Péricles e de Heródoto; Iofon, seu filho, e Ariston, seu neto, foram tragediógrafos de renome.
Liderou o coro de jovens que celebrou a vitória de Salamina e,
graças ao seu prestígio, foi tesoureiro da Liga de Delos em
Era devoto de Asclépio e, enquanto o asclepieion de Atenas era construído, a estátua do deus ficou acomodada em sua casa. Em agradecimento pelo serviço prestado à divindade, Sófocles foi honrado como um herói após a sua morte.
As fontes principais são a anônima Vida de Sófocles e o verbete da Suda (σ 815). Há também algumas inscrições e muitas, muitas citações nos escritores antigos.
Obras sobreviventes. Sinopses
Estreou em -468 nas Dionísias Urbanas com a tragédia Triptólemo; embora
concorresse com o próprio Ésquilo, recebeu o primeiro prêmio. Venceu os concursos 18 ou
24 vezes, e nunca obteve menos do que o segundo lugar. Os testemunhos antigos
Das tragédias sobreviventes, Ájax, Antígona, As traquinianas, Édipo Rei, Electra, Filoctetes e Édipo em Colono, somente o Filoctetes pode ser datado com precisão.
Do drama satírico Rastreadores, de data incerta, temos boa parte dos versos, mas não o drama completo.
Há sinopses de todas as tragédias completas no Portal. Eis a lista, na ordem habitual das edições, com datas prováveis da primeira representação:
- Ájax
(c. -445) - Electra
(-420/-410) - Édipo Rei
(-429/-425) - Antígona
(-422/-421) - As traquinianas
(-457/-430) - Filoctetes
(-409) - Édipo em Colono
(-401) - Fragmentos satíricos
Os enredos de todas as tragédias sofoclianas provêm da mitologia grega; o drama satírico Rastreadores foi, no entanto, inspirado por um antigo hino homérico a Hermes, tradicionalmente atribuído a Homero.
Características da obra
Alguns eruditos sustentam que, com Sófocles, a tragédia grega atingiu a perfeição. Ele teria aumentado ainda mais os diálogos dos personagens e reduzido as falas do coro, embora tenha elevado o número de seus componentes. Acrescentou um terceiro ator para conferir mais dinamismo às cenas, recurso utilizado posteriormente por Ésquilo na Oresteia. Em sua época as tetralogias não eram mais compostas de tragédias interligadas e os enredos se tornaram mais complexos.
Sua poesia é simples, elegante, sem pompa; algumas das mais belas linhas da poesia grega são de sua autoria. O personagem sofocliano é um ser humano ideal, dotado dos mais elevados atributos humanos. Seu caráter, habilmente delineado pelo poeta, frequentemente contrasta com o de outros personagens. O comportamento às vezes muda, e até traços de caráter se alteram diante das reviravoltas da fortuna.
Os deuses aparecem em segundo plano, são constamente citados mas raramente intervêm
em pessoa; praticamente toda a ação se desenvolve no plano humano. Como se costuma
dizer, ao teocentrismo de Ésquilo
Arrogância, orgulho desmedido e pecado levam ao desastre, e a moderação é sempre apresentada como o melhor caminho. O sofrimento trágico é inevitável diante dos atos cometidos, e mesmo os descendentes sofrem, mas esses atos são cometidos livremente pelos personagens.
Manuscritos, edições e traduções
A fonte mais importante de todas as tragédias de Sófocles, em conjunto, é o manuscrito Mediceus (Laurentianus 32.9), da Biblioteca Laurenciana de Florença, datado do final do século X.
A editio princeps de Sófocles é a Aldina (Veneza, 1502), logo seguida pelas de Henri Estienne (Paris, 1568) e William Canter (Antuérpia, 1579), este o primeiro a organizar os cantos corais em estrofe e antístrofe.
Atualmente, as edições padrão são as de Roger Dawe (Leipzig,
As tragédias completas foram já foram traduzidas para o português por vários autores. Em 2024, Jaa Torrano completou e publicou a tradução de todas as tragédias completas em volumes separados.