Eurípides / Ifigênia em Áulis
Ifigênia em Áulis (gr.
A tragédia foi representada pela primeira vez em
Eurípides havia morrido alguns meses antes do concurso de
Os últimos versos transmitidos pelas fontes antigas
Muitos eruditos defendem que o texto da tragédia, embora alterado ao longo dos séculos em várias cenas, segue o sentido geral dos planos de Eurípides para a tragédia e aceitam todos os versos da tragédia, inclusive o final espúrio.
Argumento
A tragédia se baseia em um dos episódios do Ciclo Troiano. Agamêmnon, rei de Micenas (ou Argos), comandante das forças gregas que se preparam para atacar Troia, é compelido a sacrificar sua filha Ifigênia para que a deusa Ártemis cesse a longa calmaria que impede o embarque dos gregos. A inesperada chegada de Clitemnestra em companhia da filha e a intervenção de Aquiles, alheio à trama, complicam seus planos.
Personagens do drama
E ainda: o Primeiro Mensageiro, o Segundo Mensageiro e servos mudos.
O bebê Orestes era representado certamente por um boneco e Helena, causa
imediata da Guerra de Troia, é tão mencionada que se pode
Esta é uma das poucas peças em que Eurípides não recorreu ao deus ex
machina: Ártemis, principal personagem divino da tragédia, é apenas mencionada. Há
evidências, porém, de que o êxodo original de Eurípides ou de Eurípides
junior, hoje perdido, pode ter contado com a voz da deusa Atena em cena,
Mise en scène
A cena se passa no acampamento das forças gregas estacionadas em Áulis, cidade da Beócia que faz frente à Eubeia, na época da Guerra de Troia. O protagonista fazia Agamêmenon e Aquiles; o deuteragonista, Menelau e Clitemnestra; o tritagonista, o velho, Ifigênia e os mensageiros.
Resumo
A tragédia contém 1509 versos, mais os 120 versos do final bizantino, e ocupa cerca de 68 páginas da edição de Jouan (1983), na qual se baseia este resumo.
Agitado, Agamêmnon convoca um velho servidor, relembra os antecedentes da Guerra de
Troia e revela que Ártemis impede os ventos de soprarem para que o exército grego não
embarque. Um oráculo havia ordenado que sacrificasse sua filha mais velha, Ifigênia,
para aplacar a deusa, e assim ele avisara Clitemnestra, sua esposa, para enviar a filha
até Áulis sob o falso pretexto de
O coro descreve o acampamento, os guerreiros e os navios de cada contigente grego, e
as atividades de alguns deles enquanto esperam o embarque (Párodo,
Menelau surpreende o velho, toma-lhe as tabuinhas com a mensagem de Agamêmnon e lê;
os dois irmãos discutem e
O coro canta as consequências funestas do amor, as obrigações de homens e mulheres,
e relembra o encontro entre Páris e Helena e suas consequências (1º Estásimo,
Clitemnestra, Ifigênia e Orestes chegam; Agamêmenon os recebe e procura enganar a
esposa e a filha. A pedido de Clitemnestra, descreve a genealogia e os méritos de
Aquiles e por fim pede, sem sucesso, que a esposa retorne a Argos (2º
Episódio,
Aquiles e Clitemnestra se encontram e descobrem que não são futuro genro e futura
sogra; o velho servidor aparece e revela o que na realidade está acontecendo.
Clitemnestra implora a ajuda de Aquiles que, furioso com o uso indevido de seu nome,
promete
Clitemnestra e Ifigênia confrontam Agamêmnon e suas mentiras; Ifigênia tenta demover
o pai, sem sucesso, e
Um mensageiro relata a Clitemnestra os preparativos para o sacrifício e a misteriosa
substituição de Ifigênia por uma corça quando ia ser degolada. Agamêmnon confirma o
ocorrido e se despede, pois os ventos estão soprando e o exército vai partir (Êxodo,
Manuscritos, edições e traduções
As fontes mais importantes do texto da tragédio são os manuscritos Laurentianus 32.2 (1300/1320), da Biblioteca Laurenciana de Florença, e o Palatinus Vaticanus gr. 287 (c. 1320), da Biblioteca do Vaticano.
A editio princeps é a Aldina, de 1503. Principais edições modernas da tragédia isolada: Headlam (1889), Nauck (1871), England (1891), Jouan (1983), Günther (1988), Stockert (1992) e Turato (2001).
Notações musicais referentes a uma pequena parte de um dos cantos corais foram
recuperadas a partir do P. Leiden inv. 510, da Biblioteca de Leyde, Holanda (c.
Passagens selecionadas
- Eurípides / Ifigênia em Áulis 16-33
- Eurípides / Ifigênia em Áulis 785-95
As primeiras traduções para o português foram uma paráfrase de Cândido Lusitano
Em 2005, completei nova tradução do texto e dos fragmentos para minha dissertação de mestrado (Ribeiro Jr., 2006), em publicação. Em 2018, veio a tradução de Jaa Torrano e, em 2023, a de Bruno Gripp.