Eurípides / Medeia
Medeia (...) foi representada no arcontado de Pitodoro, no primeiro ano da 87ª Olimpíada. Em primeiro lugar, Euforíon; em segundo, Sófocles; em terceiro, Eurípides, com Medeia, Filoctetes, Dictis e o drama satírico Ceifeiros. Não sobreviveram.
A tragédia Medeia (gr.
A peça foi representada pela primeira vez nas Dionísias Urbanas de
Os outros dramas da tetralogia eram Filoctetes e Dictis, tragédias, e Ceifeiros, drama satírico, todos perdidos. Eurípides obteve a terceira colocação no concurso de tragédias; Euforion ganhou o primeiro prêmio e Sófocles, o segundo (supra).
Eurípides nos transmitiu, nesse drama, um dos mais interessantes e mais emocionantes retratos das forças antagônicas que governam a alma humana. Medeia, a personagem principal, luta com todas as forças e todas as armas contra as adversidades que a acometem.
Argumento
Jasão e Medeia, expulsos de Iolco após a morte de Pélias, vivem agora em Corinto com seus dois filhos. O rei de Corinto, Creonte, convence Jasão a abandonar Medeia e se casar com sua filha; para tanto, expulsa Medeia e os dois filhos da cidade. Egeu, rei de Atenas, concede asilo a Medeia, mas a feiticeira decide se vingar de Jasão. Primeiro, através de um ardil, mata Creonte e a filha dele; a seguir, mata os próprios filhos e foge, finalmente, em um carro alado cedido pelo deus Hélio, seu avô.
Personagens do drama
Mise en scène
A cena se passa em Corinto, diante da casa de Medeia. O cenário representava, certamente, a porta da casa; a cena final, com a carruagem de Hélio, deve ter sido representada no teto da skené.
O protagonista fazia o papel de Medeia; o deuteragonista, o da Ama e o de Jasão; e o tritagonista, o do Pedagogo, o de Egeu e o do Servidor. O papel de Creonte pode ter sido representado pelo deuteragonista ou pelo tritagonista.
Resumo
A tragédia contém 1419 versos, distribuídos ao longo de mais ou menos 40 páginas da edição de Page (1985), que serviu de base para este resumo.
A Ama conta que Jasão traiu Medeia e seus filhos, tendo se casado com a filha de
Creonte, rei de Corinto, e que Medeia está deprimida, encolarizada e revoltada com a
situação. O Pedagogo chega com as crianças e diz ter ouvido que Creonte planeja exilar
Medeia e seus filhos. A Ama se preocupa por causa do terrível temperamento de sua
senhora, cujos lamentos se tornam audíveis (Prólogo,
O Coro pede que a Ama traga Medeia antes que ela pratique algum mal (Párodo,
Jasão tenta apaziguar Medeia e lhe diz que ela e os filhos foram exilados por causa
de seus insultos à casa real. Medeia, furiosa,
Egeu, rei de Atenas, de passagem por Corinto, encontra Medeia e aceita receber os
exilados em Atenas. Assim garantida, Medeia maquina a morte da noiva de Jasão e de seus
próprios filhos. (3º Episódio,
O Mensageiro conta que a princesa e o rei estão mortos, graças ao veneno que
impregnava os presentes enviados. Medeia anuncia a morte próxima dos filhos e entra no
palácio (5º Episódio,
Manuscritos, edições e traduções
As fontes mais importantes da Medeia são os manuscritos Parisinus 2713 e Parisinus 2712, dos séculos XII e XIII, respectivamente, ambos da Biblioteca Nacional de Paris; o Vaticanus 909, do século III, da Biblioteca do Vaticano; e o Laurentianus xxxii 2, do século XIV, da Biblioteca Laurenciana de Florença.
A editio princeps é a de Janus Lascaris, publicada em Florença em 1496. As edições mais recentes e mais utilizadas atualmente são a de Méridier (1961), a de Page (1985) e a de Kovacs (1998). Aqui, foi utilizado o texto grego de Page (1985), que acompanha a edição de Torrano (1991).
A primeira tradução para o português, inédita, foi realizada por Cândido Lusitano
Passagens selecionadas
- Eurípides / Medeia 446-91
Depois, vieram as traduções de Cabral do Nascimento (1973), Danielou (1980), Maria Helena da Rocha
Pereira (1991), Jaa Torrano (1991), Ribeiro de Oliveira (2007) e Trajano Vieira (2010). Edvanda Bonavina da
Rosa publicou uma versão para leitura dramatizada na Coleção
Influências e reapresentações
Medeia em 1898
Depois da Antiguidade, Medeia foi reapresentada pela primeira vez em 1539, no Collège de Guyenne (Bordeaux, França), pelos alunos de
George Buchanan
No Brasil, mais precisamente em São Paulo, textos baseados na peça foram apresentados por Cristiane Tricerri (SESC Anchieta, 1990) e pelo grupo “Mergulho no Trágico” (auditório do MASP, 1991). Até 2014, pelo menos outras 15 apresentações ocorreram em São Paulo... em nosso país, Medeia é também a tragédia grega mais encenada! Importante lembrar, ainda, duas importantes adaptações: a de Chico Buarque de Hollanda e Paulo Pontes, Gota d'Água (1975), e a de Antunes Filho (2001), também intitulada Medeia.
A segunda parte do filme Medea, de Pier Paolo Pasolini (1969), segue de perto a tragédia de Eurípedes.