Eurípides / Medeia
Sem dúvida, a mais conhecida das
Sumário
Medeia (gr.
Os outros dramas da tetralogia eram Filoctetes e Dictis, tragédias, e Ceifeiros, drama satírico, todos em estado fragmentário. Eurípides obteve a terceira colocação no concurso de tragédias; Euforion ganhou o primeiro prêmio e Sófocles, o segundo.
Eurípides nos transmitiu, nesse drama, um dos mais interessantes e mais emocionantes retratos das forças antagônicas que governam a alma humana. Medeia, a personagem principal, luta com todas as forças e todas as armas contra as adversidades que a acometem.
Medeia é uma das tragédias de plano e
Personagens do drama

A Ama e o Pedagogo são servos de Medeia, filha de Eetes, rei da Cólquida, neta do deus Hélio e esposa de Jasão, antigo líder dos argonautas. O Coro é constituído de mulheres de Corinto e Creonte é o rei da cidade. Egeu, futuro pai do herói Teseu, é o atual rei de Atenas.
Argumento
O enredo se baseia no mito de Medeia e Jasão, expulsos de Iolco após a morte de Pélias. Eles vivem agora em Corinto com seus dois filhos e o rei de Corinto, Creonte, convence Jasão a abandonar Medeia e se casar com sua filha e expulsa Medeia e os dois filhos da cidade.
A Ama conta que Jasão traiu Medeia e seus filhos, tendo se casado com a filha de Creonte, rei de Corinto, e que Medeia está deprimida, encolarizada e revoltada com a situação. O Pedagogo chega com as crianças e diz ter ouvido que Creonte planeja exilar Medeia e seus filhos. A Ama se preocupa por causa do terrível temperamento de sua senhora, cujos lamentos se tornam audíveis.

O Coro pede que a Ama traga Medeia antes que ela pratique algum mal. Ela vem, lamenta ter saído da Cólquida e deplora as vicissitudes
de todas as esposas,
Jasão tenta apaziguar Medeia e lhe diz que ela e os filhos foram exilados por causa
de seus insultos à casa real. Medeia, furiosa,
Egeu, de passagem por Corinto, encontra Medeia e aceita receber os
exilados em Atenas. Assim garantida, Medeia maquina a morte da noiva de Jasão e de seus
próprios filhos. O Coro implora a ela que não faça isso.
Medeia chama Jasão,

O Mensageiro conta que a princesa e o rei estão mortos, graças ao veneno que impregnava os presentes enviados. Medeia anuncia a morte próxima dos filhos e entra no palácio.
O Coro ouve as súplicas e os gritos das crianças e logo conta a Jasão que seus filhos foram mortos pela própria mãe. Quando Jasão tenta entrar, Medeia aparece acima dele, na carruagem emprestada por seu avô, Hélio; diz a Jasão que tudo aconteceu por culpa dele e parte, levando os corpos dos filhos.
Mise en scène
A cena se passa em Corinto, diante da casa de Medeia. O cenário mostrava, certamente, a porta da casa; a cena final, com a carruagem de Hélio, deve ter sido representada no teto da skēnḗ.
O protagonista fazia o papel de Medeia; o deuteragonista, o da Ama e o de Jasão; e o tritagonista, o do Pedagogo, o de Egeu e o do Servidor. O papel de Creonte pode ter sido representado pelo deuteragonista ou pelo tritagonista.
Estrutura dramática
Prólogo,
Párodo,
1º Episódio,
1º Estásimo,
2º Episódio,
2º Estásimo,
3º Episódio,
3º Estásimo,
4º Episódio,
4º Estásimo,
5º Episódio,
Interlúdio anapéstico,
6º Episódio,
5º Estásimo,
Êxodo,
Manuscritos, edições e traduções
Medeia pertence à família dos manuscritos com peças selecionadas.
Dentre os mmss. que contêm a peça completa, os mais importantes são B, A, V e também L, da família dos dramas
alfabéticos. Alguns dos mmss. com textos incompletos, e.g. o Hierosolymitanus patriarchalis
Τάφου 36 (Jerusalém, Biblioteca do Patriarca, sæc.
Alguns manuscritos são antecedidos de duas hypótheseis, uma delas atribuída a Aristófanes de Bizâncio; uma
terceira, fragmentária, foi encontrada no P.IFAO inv.
A editio princeps é a de Janus Lascaris, publicada c. 1494 em Florença. As edições modernas isoladas mais importantes são as de Denys Page (Oxford, 1938), Alan Elliott (Oxford, 1969), Herman Van Looy (Leipzig, 1992), Donald Mastronarde (Cambridge, 2002) e Judith Mossman (Oxford, 2011).
Passagens selecionadas
Medeia foi traduzida para o latim em 1544 por George Buchanan, logo após a tradução latina de Collinus de todas as peças (Basileia, 1541).
A primeira tradução para o português, ainda inédita, foi efetuada por Cândido Lusitano em
- Cabral do Nascimento (Mem Martins, 1973);
- Mário G. Kury (Rio de Janeiro, 1977);
- Maria da Eucaristia Danielou (Rio de Janeiro, 1980);
- Maria Helena da Rocha Pereira (Lisboa, 1991);
- Jaa Torrano (S. Paulo, 1991);
- Flávio de Oliveira (S. Paulo, 2007);
- Trajano Vieira (S. Paulo, 2010) e
- Tereza Virgínia R. Barbosa (S. Paulo, 2013).
Edvanda Bonavina da Rosa, professora de grego da UNESP, publicou uma versão para leitura dramatizada na Coleção
Influências e reapresentações

Medeia em 1898
Teatro e cinema
Depois da Antiguidade, Medeia foi reapresentada pela primeira vez em 1539, no Collège de Guyenne (Bordeaux, França), pelos alunos de
George Buchanan
No Brasil, mais precisamente em São Paulo, textos baseados na peça foram apresentados por Cristiane Tricerri (SESC Anchieta, 1990) e pelo grupo “Mergulho no Trágico” (auditório do MASP, 1991). Até 2014, pelo menos outras 15 apresentações ocorreram em São Paulo... em nosso país, Medeia é também a tragédia grega mais encenada! Importante lembrar, ainda, duas importantes adaptações: a de Chico Buarque e Paulo Pontes, Gota d'Água (1975), e a de Antunes Filho (2001), também intitulada Medeia.
A segunda parte do filme Medea, de Pier Paolo Pasolini (1969), segue de perto a tragédia de Eurípides.