Aristófanes
Poeta cômico, principal representante da antiga comédia grega. De toda sua obra, no entanto, apenas onze comédias foram conservadas.
Sumário
As comédias de Aristófanes são as únicas comédias integrais da etapa conhecida por comédia antiga e, até hoje, são consideradas verdadeiras
Biografia
Pouco sabemos a respeito da vida pessoal de Aristófanes. Grande parte das informações disponíveis, sugeridas pela parábase das comédias que chegaram até nós, tem sido desconsiderada cada vez mais pela crítica moderna.
Ele nasceu por volta de
Aristóteles é mostrado por Platão, no Banquete, como um companheiro agradável, jovial e divertido.
Cleon (fl.
O poeta compôs um total de quarenta peças e obteve nos concursos pelo menos seis primeiros prêmios e quatro segundos prêmios. Embora toda sua vida intelectual tenha transcorrido em Atenas, apresentou certa vez uma de suas peças no teatro de Elêusis.
Sua primeira comédia, Os Convivas, estreou em
Obras sobreviventes. Sinopses
De toda sua obra, somente onze comédias completas sobreviveram mas, em compensação, todas
puderam ser datadas de modo razoavelmente preciso. São elas, na sequência utilizada por Wilson (2007): Os acarnenses,
Os cavaleiros, As nuvens, As vespas, A paz, As aves, Lisístrata , As tesmoforiantes,
As rãs (
Acarnenses, Cavaleiros, Vespas, Paz e Lisístrata tratam da vida política; Nuvens, Tesmofóriantes e Rãs criticam a vida intelectual; Aves, Mulheres na Assembleia e Pluto são alegorias, ou comédias de fuga (Starzynski, 1967).
Restaram também numerosos fragmentos de suas outras comédias, que permitiram reconstituir, ao menos em parte, mais ou menos umas 35 delas.
Há sinopses das 11 comédias completas de Aristófanes no Portal:
- Os acarnenses (
-425 ) - Os cavaleiros (
-424 ) - As nuvens (
-423 ) - As vespas (
-422 ) - A paz (
-421 ) - As aves (
-414 ) - Lisístrata (
-411 ) - As tesmoforiantes (
-411 ) - As rãs (
-405 ) - Mulheres na Assembleia (
-392 ) - Pluto (
-388 )
Características da obra
As comédias anteriores a
Todos os recursos cômicos imagináveis são usados com grande maestria,
desde a sátira mais grotesta até a malícia mais sutil: situações ridículas, cenas
fantásticas, personagens alegóricos, caricaturas de personagens humanos reais e de
deuses, pilhérias, ironias, jogo de palavras, trocadilhos,
Aristófanes recorre com frequência à licenciosidade e à obscenidade, o que sem dúvida pode chocar os desavisados leitores modernos. Não se deve, no entanto, esquecer que o pudor de nossos tempos se desenvolveu nos últimos 200 anos, e que os antigos encaravam com muito mais naturalidade esse tipo de gracejo. Além disso, as festas dionisíacas que originaram a comédia derivaram de antigos rituais de fertilidade em que o elemento sexual era componente relevante.
As críticas de Aristófanes atingiam a tudo e a todos. Chefes políticos, a Assembleia, os tribunais e os juízes, os militares, os poetas trágicos, os poetas cômicos, os filósofos, o povo em geral, os velhos, os jovens, as mulheres... ninguém escapou de sua verve.
As intenções morais por trás das críticas eram, porém, muito sérias: o poeta defendia sempre os valores antigos, a vida rural e, em especial, a paz tão desejável durante a Guerra do Peloponeso.
Nas duas últimas comédias (Mulheres na Assembleia e Pluto), posteriores a
É possível que uma das últimas obras de Aristófanes,
Cocalos, apresentada por seu filho Araros entre
Manuscritos, edições e traduções
Os méritos poéticos de Aristófanes não foram muito apreciados pelos eruditos alexandrinos, que aparentemente conservaram suas obras pelos simples fato de serem a fonte mais pura do dialeto ático antigo.
O único manuscrito que contém as 11 comédias conservadas é o Ravennas 429 (c. 950), da Biblioteca Classence de Ravenna. Há vários papiros e diversas citações sobre as comédias completas e incompletas.
A editio princeps de Aristófanes, com apenas 9 comédias, é a Aldina (Veneza, 1498), a cargo de Marcus Musurus. As duas últimas comédias, Lisístrata e Tesmoforiantes, foram incluídas na edição Juntina (Florença, 1515), e a primeira edição de todas as 11 comédias foi a de Andreas Cratander (Basileia, 1532).
A mais antiga coleção de fragmentos de Aristófanes é a de Willem van der Codde, “Coddaeus” (Leiden, 1624), baseada em trabalho anterior de Theodorus Canter, falecido em 1616.
As edições modernas importantes são a de Victor Coulon (Budé,
Edição completa dos fragmentos: Rudolf Kassel e Colin Austin (Berlin / New York, 1984).
Todas as comédias completas estão traduzidas para o português, embora ainda faltem algumas para o português do Brasil, detalhe importante quando se trata de comédia. As edições portuguesas isoladas, com traduções de Maria de Fátima Sousa e Silva, em sua maioria, foram reunidas em três volumes (Lisboa, 2006-2009).
Todos os fragmentos de Aristófanes foram traduzidos para o português brasileiro por Karen Sacconi (São Paulo, 2018).