Safo
ἡνίδε καὶ Σαπφὼ Λεσβόθεν ἡ δεκάτη.
Nove são as musas, dizem alguns; que descuidados!
Vejam, Safo de Lesbos é a décima.
Poeta lírica monódica, compôs odes para serem cantadas individualmente, acompanhadas pela lira.
Sumário
Vida
De origem aristocrática, Safo (gr.
Foi casada, portanto, e teve uma filha; ao retornar a Lesbos parece ter se envolvido com outras mulheres no culto a Afrodite. Mas não se comprovou, de modo algum, o famoso romance com o poeta Alceu, nem as comentadíssimas relações homossexuais com as companheiras do culto.
Essa fama, no entanto, atravessou os séculos e se cristalizou na palavra lesbianismo.
Segundo outra tradição
altamente suspeita, que remonta a Menandro (F 258), Safo
POxy 1800 F 1; POxy 2506 F
Obra
Safo compôs poemas pessoais e apaixonados em dialeto eólico e vários tipos de metro,
dirigidos em geral à filha ou a suas companheiras de forma terna e amorosa. Em sua
grande maioria, os poemas
Safo é um dos poetas do cânone alexandrino de nove poetas líricos, e sua obra foi reunida pelos eruditos da biblioteca de Alexandria em nove livros, dos quais restam apenas um poema e algumas dezenas de fragmentos.
Recepção
Durante toda a Antiguidade foi respeitada, apreciada e imitada. O epigrama da epígrafe, atribuído a “Platão” (Antologia Palatina 9.506), ilustra bem esse fato.
Havia uma estátua dela em Siracusa, e o povo de Mitilene colocou sua face nas moedas nos séculos
Tem sido publicadas, desde 1802, traduções da apócrifa Ode de Safo a Faon, erroneamente atribuída a Safo na Antiguidade tardia.
Sua poesia de conteúdo erótico foi censurada ativamente pelos copistas medievais, ligados quase sempre à Igreja Católica.
Segundo Pólux (9.84), a pólis de Mitilene colocou seu rosto nas moedas emitidas, e Aristóteles (Retórica 1398b) menciona honras conferidas a ela pela pólis, “a despeito de ser mulher”.
Edições e traduções
A coletânea moderna básica é a de Bergk (1882). Utiliza-se, em geral, as de Lobel & Page (1955, suppl., 1974) ou a de West (1972).
Traduções para o português: António José Viale (1868), Joaquim B. Fontes (1991), Francisco R. Gonçalves (1995), Giuliana Ragusa (2011) e Guilherme Gontijo Flores (2017).
Passagens selecionadas
Diversos fragmentos foram traduzidos esparsamente ou em coletâneas por Francisco Evaristo Leoni (1836), António Feliciano de Castilho (1857), Daisi Malhadas e Maria Helena Moura Neves (1976), Pedro Alvim (1992), Maria Helena da Rocha Pereira (1998), Victor Oliveira Mateus (2002), Haroldo de Campos (2004), Leonardo Antunes (2009) e JAA Torrano (2009), entre outros.