Sátiros e Sileno
Sátiros (gr.
Nos mitógrafos antigos sua origem é indefinida mas, assim como montanhas e ninfas, podem ser imaginados como primitivos desdobramentos de Gaia.
Os sátiros eram, coletivamente, membros do tíaso, cortejo que acompanhava o deus Dioniso. Hiperativos, estavam sempre dançando, tocando o aulo, bebendo e perseguindo ninfas e mênades — aparentemente com certo sucesso, uma vez que vasos gregos às vezes mostram sátiros bem jovens. Nada faziam além disso, e o poeta do Catálogo das Mulheres chegou a dizer que eram ‘imprestáveis e incapazes de trabalhar’ (
A participação dessas alegres e transgressoras figuras nas lendas gregas conhecidas é marginal e incidental (Ribeiro Jr." 2005, p.
Muitas vezes os sátiros eram chamados de
Os poetas latinos e os romanos em geral confundiam os sátiros com os faunos, entidades da mitologia romana com corpo humano, chifres e pernas de bode, semelhantes ao deus grego Pã e de comportamento razoavelmente semelhante ao dos sátiros. Seres humanos que eventualmente se encontravam em lugares distantes e ermos temiam
Nem Homero, nem Hesíodo mencionam os sátiros; eles aparecem pela primeira vez no hino homérico a Afrodite e no Catálogo das Mulheres, ambos de autores desconhecidos.
Iconografia
Fisicamente, o aspecto geral dos sátiros era o de um homem barbudo, rústico e com detalhes físicos animalescos,
e.g. orelhas pontudas, cauda de cavalo e um pênis enorme e quase sempre ereto, que sinalizava sua constante lubricidade e seus vínculos com a fertilidade da natureza. Às vezes exibiam pequenos chifres e, em representações mais antigas — e.g. no Vaso François (c.
Os detalhes físicos variaram bastante ao longo da Antiguidade. As primeiras imagens datam do século
Algumas representações clássicas e helenísticas já mostram sátiros de aspecto quase humano, por exemplo a escultura conhecida por Sátiro em repouso, de Praxíteles (c.
Sátiros eram quase sempre representados em cenas associadas ao deus Dioniso, como a produção de vinho
Sileno era representado simplesmente como um sátiro idoso.
Culto e drama satírico
Platão (Lg., 815c) conta que homens e mulheres se vestiam como sátiros e ninfas, respectivamente, em ‘certos rituais de expiação e iniciação’, mas não dá outras informações. Em Élis havia um templo dedicado especificamente a Sileno, a quem se oferecia taças de vinho (Pausânias
Sátiros e Sileno são personagens obrigatórios dos dramas satíricos, um dos gêneros dramáticos representados em Atenas desde o final do Período Clássico e ostensivamente dedicado a Dioniso. Nesses dramas, Sileno é considerado pai dos sátiros (Eurípides, Ciclope 13; 82; 269), possivelmente uma inovação dos autores de dramas satíricos (Ribeiro Jr." 2005, p.
Variantes
As principais variantes do mito dos sátiros se referem à sua origem. O poeta do Catálogo das Mulheres relata, em um dos fragmentos (
Xenofonte (Smp. 5.7) diz que os silenos são filhos das náiades, ninfas das águas, e Estrabon (10.3.19) lembra passagem atribuída a Hesíodo[2] que conta terem os sátiros nascido das hecatérides, cinco ninfas que Hecatero, divindade praticamente desconhecida, gerou com uma das filhas de Foroneu, antigo herói da Argólida.
Recepção
Esopo (sæc.
E Stéphane Mallarmé criou o poema L'après-midi d'un faune (1876) que inspirou, por sua vez, uma sinfonia de Claude Debussy
A arte medieval cristã