O drama satírico
A despeito do nome, o drama satírico está mais vinculado à tragédia do que à comédia, uma vez que foi desenvolvido e apresentado pelos poetas trágicos[1].
Sumário
Esse gênero dramático envolve a presença de sátiros em cena e foi oficialmente introduzido nos festivais em honra a Dioniso no final do século
Segundo a Suda (s.v.
O espetáculo satírico
Até meados do século leve
do que a tragédia.
O desfecho era geralmente alegre e os principais personagens, Sileno e os sátiros, compunham o Coro. [Demétrio], um erudito do século
Em geral o poeta recorria aos mesmos mitos usualmente abordados nas tragédias, mas destacava um aspecto leve e jovial dos problemas do herói trágico ou apenas uma passagem que podia se tornar engraçada devido à presença dos sátiros.
Do ponto de vista estrutural, aparentemente o drama satírico acompanhava a tragédia quanto à estrutura de partes declamadas e cantadas: prólogo, párodo, episódios, estásimos e êxodo.
Argumentos
O argumento básico era relativamente simples e podia ser enquadrado em três tipos:
- no primeiro, o coro de indefesos e amedrontados sátiros e seu líder, o idoso Sileno, eram libertados do jugo de um vilão cruel e tirânico (“ogro”) por um herói poderoso e resoluto;
- no segundo, uma tarefa era atribuída ou imposta aos sátiros, que se desdobravam para
realizá-la enquanto exibiam seu comportamento habitual; - no terceiro, os sátiros eram arbitrariamente inseridos em mitos dos quais nunca tinham participado e simplesmente mostravam sua “natureza hedonística e covarde” (Kovacs 2001, p. 53) em cena.
Dispomos, infelizmente, de um único drama satírico completo, o Ciclope de Eurípides, e de fragmentos substanciais de um outro, o Rastejadores de Sófocles. De todos os demais temos apenas o título, curtas passagens de algumas hipóteses, algumas cenas de vasos, várias inferências sobre o mito envolvido e pouquíssimos fragmentos de diálogos, monólogos e cantos.
Sabemos, no entanto, que os sátiros e Sileno participavam ativamente da ação dramática, ao contrário dos coros da tragédia e da comédia.
Textos. Sinopses
Há algumas informações sobre dramas satíricos de cada autor nas sinopses de Ésquilo, de Sófocles, de Eurípides e dos trágicos “menores” anteriores a
Dramas satíricos (DS) específicos podem ser acessados, por enquanto, nas seguintes sinopses do Portal:
- DS fragmentários de Ésquilo
- DS fragmentários de Sófocles
- O ciclope, de Eurípides
- DS fragmentários de Eurípides
Edições e traduções
Informações sobre O ciclope: ver sinopse.
Os fragmentos satíricos têm origem em citações dos autores antigos, em léxicos que discutem palavras e expressões usadas pelos autores e em descobertas papirológicas, cada vez mais frequentes e significativaas, como no caso dos fragmentos trágicos e cômicos. A editio princeps dos fragmentos satíricos é, consequentemente, variada, e cada fragmento é editado quando vem à tona, graças a novas descobertas.
No momento, são consideradas edições padrão de todos os fragmentos satíricos a de Bruno Snell, Stefan Radt e Richard Kanicht
Alguns dramas satíricos isolados foram já traduzidos para o português, e.g. O Ciclope, Rastejadores (Sófocles), Ônfale (Íon de Quios) e outros dramas fragmentários.
Ainda não há tradução sistemática dos demais fragmentos.