Cérbero, o cão de Hades

δωδέκατον ἆθλον ἐπετάγη Κέρβερον ἐξ Ἅιδου κομίζειν.

<Euristeu> impôs, como décimo-segundo trabalho, trazer Cérbero do Hades.

O décimo segundo e último trabalho que Héracles realizou para Euristeu foi levar-lhe Cérbero, o terrível guardião do hades. Façanha paralela: a libertação de Teseu.

miniaturaEuristeu, Cérbero e Héracles

Cérbero, um cão monstruoso de três cabeças e cauda em forma de serpente, era filho de Equidna e de Tífon, portanto irmão de Ortro, da Hidra de Lerna e da Quimera. Ele guardava a entrada do reino de Hades e permitia a entrada de todos, mas não deixava que ninguém saísse.

Héracles se iniciou primeiramente nos Mistérios de Elêusis, culto que ensinava aos fiéis como chegar ao outro mundo; acompanhado então do deus Hermes, seu meio-irmão, adentrou a morada dos mortos.

Encontrou-se primeiro com a sombra de Meleagro, o herói da Caça ao Javali de Cálidon, que lhe contou sua história e pediu que amparasse a irmã, Dejanira. Deparou-se a seguir com Teseu e o amigo dele, Pirítoo, ainda vivos mas acorrentados. Conseguiu libertar Teseu, com a permissão de Perséfone, mas Pirítoo teve de ficar.

Finalmente, Héracles apresentou-se a Hades e pediu licença para capturar Cérbero. O deus concordou, desde que o herói o fizesse sozinho e desarmado. Héracles apertou então o monstro em seus braços até quase sufocá-lo, abrandando assim sua ferocidade, e levou-o tranquilamente a Euristeu. Ao ver o “cachorrinho”, o rei se assustou e correu para dentro daquele vaso já reservado para isso.

Cumprida então a última tarefa determinada pelo Oráculo de Delfos, o herói levou Cérbero de volta e devolveu-o a Hades. E se o monstro continuou monstro depois do hercúleo aperto, a tradição mítica não registrou.

Influências

O mito inspirou o poema Cérbero, de Estesícoro; os dramas satíricos Euristeu, de Eurípides, Cérbero e Sátiros no Tênaro, de Sófocles, e talvez um quarto, o Héracles de Sófocles; o drama Pirítoo, atribuído a Crítias ou a Eurípides; e um outro Pirítoo, de autor anônimo do século -IV. Do poema de Estesícoro temos apenas o título e, dos demais, escassos fragmentos.

Diversos vasos de figuras negras e de figuras vermelhas se inspiraram no mito.

Jorge Luis Borges abordou o mito de Cérbero em um dos capítulos de seu Livro dos Seres Imaginários (1974).