O poderoso Tífon

Gaia, ainda inconformada com o aprisionamento dos titãs e com a vitória de Zeus na gigantomaquia, fez uma última tentativa para derrubá-lo.

miniaturaZeus enfrenta Tífon

A deusa se uniu a Tártaro, outro deus da “1ª geração”, e gerou Tífon (gr. Τυφῶν ou Τυφωεύς, ‘Tifeu’), uma obra-prima de monstruosidade.

Hesíodo descreveu-o para nós: braços poderosos, pés infatigáveis, cem cabeças de serpente com línguas negras e olhos que expeliam fogo, e de todas as cabeças saiam simultaneamente terríveis sons (Hes. Th. 823-35).

Antes de desafiar Zeus, consta que Tífon teve tempo de gerar alguns monstros, unido a Equidna: Ortro, Cérbero, a Hidra de Lerna e a Quimera.

Zeus respondeu o desafio com seus raios e trovões (Hesíodo, Teogonia 853-5):

Ζεὺς δ' ἐπεὶ οὖν κόρθυνεν ἑὸν μένος, εἵλετο δ' ὅπλα,
βροντήν τε στεροπήν τε καὶ αἰθαλόεντα κεραυνόν,
πλῆξεν ἀπ' Οὐλύμποιο ἐπάλμενος·
Então Zeus ergueu-se com seu poder, pegou suas armas,
o trovão, o relâmpago, o ardente raio
e, saltando do Olimpo, golpeou-o.

A violenta luta fez tremer o céu, a terra, o mar e abalou o próprio mundo subterrâneo... Alguns mitógrafos posteruiores a Hesíodo relatam que, inicialmente, Zeus foi vencido e aprisionado por Tífon em uma gruta, sem os músculos e os tendões. Hermes e seu filho enganaram, no entanto, o dragão que vigiava os músculos e tendões de Zeus e conseguiram devolvê-los ao pai dos deuses e dos homens. Revigorado, Zeus enfrentou Tífon novamente e dessa vez conseguiu vencê-lo e soterrá-lo sob o Monte Etna (Píndaro, Olímpicas 4.6-7;). E as chamas que saem periodicamente do Etna seriam o que restou do fogo do derrotado Tífon (Píndaro, Píticas 1.25-28)...

Nas versões mais antigas, como a de Hesíodo, Zeus derrotou Tífon com dificuldade, mas através de suas armas habituais. Lançou-o depois no Tártaro, para fazer companhia aos outros inimigos vencidos.

Depois isso, Gaia finalmente se conformou com a situação e sossegou...

miniatura“Tornado”, de William Blake

Iconografia

A luta entre Zeus e Tífon aparece muito raramente na iconografia arcaica e se vê especialmente em vasos antigos e algumas esculturas. Em tempos modernos, no entanto, Wenceslaus Hollar (1607-1677) desenhou seu retrato e William Blake, o épico combate (1795).

Aparentemente o nome do monstro já era popular, entre os gregos antigos, como sinônimo de tufão, tornado e outros violentos fenômenos naturais relacionados.

Typhoeus, Typhon, Tifão, Tifon, Tifeu