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Os doze trabalhos de Héracles

Compelido a servir Euristeu, rei de Micenas, durante algum tempo, Héracles efetuou 12 extraordinárias e perigoasas façanhas determinadas por ele.

miniaturaAtena, Héracles e Alcmena

Durante um acesso de loucura, provocado pela ciumenta deusa Hera, o jovem Alcides matou os filhos que tivera com Mégara. Segundo algumas versões, Mégara também foi morta, assim como dois filhos de seu irmão Íficles.

Para expiar essas mortes involuntárias, Alcides procurou orientação junto ao Oráculo de Delfos. Condenado a efetuar doze façanhas sobre-humanas (gr. ἆθλοι) sob as ordens de seu primo Euristeu, rei de Micenas, teve também o nome trocado para Héracles, que significa “a glória de Hera”.

Há outras explicações para a submissão de Héracles a Euristeu, mas de um modo geral a penitência imposta pelo Oráculo de Delfos é uma das mais aceitas.

Trabalhos e aventuras paralelas

No Portal, é seguida a sequência estabelecida pelo Pseudo-Apolodoro (v. infra), mas há evidências de que nas épocas Arcaica e Clássica não era bem assim. Eurípides, por exemplo, que escreveu vários séculos antes dele, coloca a aventura da corça cerineia logo antes das éguas de Diomedes (Héracles, 375-88).

miniaturaZeus, Hera, Íris e Atena

Os seis primeiros “trabalhos” ou façanhas foram realizados na própria Grécia, mais especificamente no Peloponeso; os seis últimos levaram o herói ao “estrangeiro” e alguns deles a lugares muito distantes e puramente míticos.

A sequência dos trabalhos varia um pouco, de acordo com a fonte; aqui, foi adotada a ordem dada pelo Pseudo-Apolodoro (2.4-7), considerada atualmente a ordem canônica.

Durante os trabalhos o herói foi perseguido pelo ódio da deusa Hera, que procurava sistematicamente levá-lo à perdição, mas contou com o constante apoio da deusa Atena, sua meio-irmã, poderosa e igualmente incansável defensora. Iolau, filho de seu meio-irmão Íficles, ajudou-o em alguns de seus trabalhos.

E poucos dentre os trabalhos foram cumpridos na sequência, pois o herói teve diversas aventuras entre uma façanha e outra, os trabalhos paralelos (gr. πάρεργα).

Os 12 trabalhos

  1. O leão de Nemeia
  2. A hidra de Lerna
  3. A corça cerineia
  4. O javali do Erimanto
  5. As cavalariças de Augias
  6. As aves do Lago Estínfale
  7. O touro de Creta
  8. As éguas de Diomedes
  9. O cinto de Hipólita
  10. Os bois de Gérion
  11. Os pomos das Hespérides
  12. Cérbero, o cão de Hades

No Portal, essas façanhas palalelas de Héracles são contadas nas sinopses apropriadas.

A mais antiga menção aos “trabalhos” de Héracles está na Ilíada (Il. 8.362-9). Entre os mitógrafos há controvérsias quanto ao número de trabalhos; em geral, segue-se a única fonte que relata sistematicamente todos os trabalhos, em número de doze: a Biblioteca do Pseudo-Apolodoro (2.4.12-5.12).

Iconografia

A mais antiga representação dos 12 trabalhos “canônicos” de Héracles, em conjunto, foram as métopas do templo de Zeus em Olímpia (-470/-457). Nos templos arcaicos da Magna Graecia, no Parthenon de Atenas e no Tesouro dos Atenienses em Delfos também havia representações de diversos trabalhos.

Os trabalhos estavam entre os temas mais utilizados pelos artistas gregos, especialmente entre os decoradores dos vasos de figuras negras. A deusa Atena era frequentemente representada junto a Héracles, encorajando-o ou ajudando-o; Iolau também era mostrado com alguma frequência. Nos vasos de figuras vermelhas, a presença do herói e de suas façanhas diminuiu consideravelmente.

Influência literária

Héracles tornou-se uma figura popular no fim da Idade Média e no início do Renascimento; seus 12 trabalhos inspiraram diversas obras, como o romance em prosa poética Le Fatiche d'Ercole, de Pietro Bassi (1475), o texto em prosa de Don Enrique de Villena, Los Doze Trabajos de Hercules (Zamora, 1483 e 1499), o romance anônino Les Prouesses et vaillances du preux Hercule (Paris, 1500), logo traduzido para o inglês, o poema Dodeci Travagli di Ercole, de J. Perillos (1544) e uma coleção de adágios e alegorias de Fernandez de Heredia, Trabajos y afanes de Hercules (Madrid, 1682).

Alguns episódios dos "12 trabalhos" inspiraram, isoladamente, algumas obras literárias; veja as sinopses referentes a cada trabalho.