Apolo

Ἀπόλλων Apolo em Roma: Febo[1]

Deus das profecias, da medicina e da música, associado ao pastoreio e ao sol.

miniaturaApolo e sua lira

Um dos deuses olímpicos, Apolo era por extensão também considerado o deus da luz e da juventude.

Não há menção segura a ele nas tabuinhas micênicas. Como está bem caracterizado na Ilíada, é provavel que sua origem remonte à Idade das Trevas, pelo menos. Há algumas semelhanças entre Apolo e divindades da Ásia Menor, mas isso é insuficiente para considerá-lo de procedência oriental.

Na época clássica, o sol era por vezes chamado de “carro de Apolo”.

Apolo era um dos deuses olímpicos, filho de Zeus e de Letó, e irmão gêmeo de Ártemis. Nasceu na ilha de Delos e a parteira foi ninguém menos que a própria Ártemis, nascida poucos minutos antes.

Depois de passar algum tempo entre os Hiperbóreos, no extremo norte do rio Oceano, dirigiu-se a Delfos, onde matou uma serpente, Píton (ou Delfine, conforme a versão), filha de Gaia.

Donzelas, Apolo e Ártemis
Fig. 0181. Donzelas, Apolo e Ártemis. Ânfora de estilo orientalizante, -630.

Esse mito simboliza a supremacia dos “novos” deuses olímpicos, associados à luz, sobre as antigas divindades ctônicas, associadas à terra.

Em Delfos, Apolo consagrou também a trípode, um de seus atributos, onde antes existia um antigo oráculo de Gaia ou de Têmis, instituindo então o famoso Oráculo de Delfos. As respostas ambíguas dadas pela sacerdotiza, a pítia, valeram-lhe o epíteto de Lóxias, ‘o oblíquo’.

Apolo era considerado o deus da música e, embora as lendas relatem que Hermes inventou a lira e a flauta, foi Apolo que, tocando-as, levou-as à perfeição. Ele dirigia, no Olimpo, o coro das Musas e a dança das Cárites, suas irmãs, e entretinha os demais deuses olímpicos com a lira.

Os amores

Apolo não se casou, porém teve muitos amores, e praticamente nenhum foi bem sucedido. Apesar de sua divindade e beleza, era sistematicamente recusado tanto por divindades como por mortais.

miniaturaApolo e Dafne

A ninfa Dafne pediu que os deuses a transformassem em loureiro (gr. dáphne) para fugir das investidas de Apolo. Coronis, filha de um rei da Tessália, e Marpessa, filha do rei da Etólia, abandonaram o deus e se uniram a homens mortais. A princesa troiana Cassandra prometeu se unir a ele caso o deus lhe ensinasse a arte da profecia, mas não cumpriu sua parte. Apolo, então, fez com que ninguém acreditasse em suas profecias que, no entanto, eram sempre corretas.

Além de Dafne, dois outros mitos relacionam os amores de Apolo com os vegetais: o de Ciparisso e o de Jacinto. Ciparisso, um belo rapaz amado por Apolo, matou acidentalmente um veado, seu animal de estimação. A tristeza foi tão grande que o jovem pediu aos deuses que suas lágrimas durassem eternamente; foi, então, transformado em cipreste (kypárissos, em grego), a árvore da tristeza.

Jacinto, por quem tanto Apolo como Zéfiro, o vento oeste, estavam apaixonados, morreu acidentalmente. Ele e Apolo se divertiam lançando o disco, e Apolo atingiu-o sem querer (o ciumento Zéfiro, em algumas versões, desviou o disco de propósito). Desgostoso, o deus transformou-o em uma flor, o jacinto (gr. Ὑάκινθος), para imortalizar seu nome.

Apesar de tudo, Apolo conseguiu se tornar pai. Seus filhos mais conhecidos foram o herói Aristeu, que teve com a ninfa Cirene; o herói-deus Asclépio, nascido de Coronis; Naxos e Mileto, heróis epônimos da ilha e da cidade homônimas, nascidos de Acacális, filha do rei Minos; e, segundo alguns mitógrafos, teve filhos também com uma ou duas Musas.

Outros mitos

Apolo era um arqueiro excepcional, e suas flechas eram capazes de produzir doenças e de causar morte súbita entre os homens. Embora tocasse “divinamente” diversos instrumentos musicais, era mais comumente associado à lira. Mas não era bom esportista, como atestam os episódios de suas disputas musicais com e com Mársias.

miniaturaApolo e Ártemis matam os filhos de Níobe com suas flechas

Dentre as numerosas outras lendas de que participa (a de Níobe, a de Héracles, etc.), as mais curiosas são duas que relatam os castigos que o deus sofreu devido a faltas cometidas.

Na primeira, em decorrência da malograda conspiração para aprisionar Zeus, ele e Posídon tiveram de servir o rei de Troia, Laomedonte, e construir as muralhas da cidade. Na segunda, seu filho Asclépio atreveu-se a ressuscitar os mortos e foi fulminado por Zeus. Apolo vingou-se então nos ciclopes, artífices dos raios de Zeus, já que nada podia fazer contra o pai. Foi condenado, por isso, a pastorear e cuidar dos rebanhos de Admeto, rei de Feras, durante um ano.

Passagens selecionadas

Iconografia e culto

Apolo é habitualmente representado como um homem jovem e belo, de elevada estatura. Não se acredita mais, como há algum tempo, que os koûroi arcaicos eram sempre representações suas. Seus atributos são a lira ou a cítara, a trípode, o arco e as flechas. É possível que o famoso Colosso de Rodes, habitualmente associado ao deus Hélio, tenha sido uma representação sua.

Era cultuado em toda a Grécia, notadamente na ilha de Delos, consagrada a ele, e em Delfos, onde ficava o famoso santuário com o Oráculo. Dizia-se que Delfos era o centro do mundo, o que era representando pelo ‘ônfalo’ (gr. ὀμφαλός), uma pedra em forma de umbigo. Além de diversas festas, como as Carneias (Esparta), as Targélias (Atenas e Jônia), e as Délias (Delos), as Teoxenias e os Jogos Píticos de Delfos eram também celebrados em honra de Apolo.