música570 palavras

em Roma: Silvano / Fauno
Pã e DionisoPã e Dioniso

Provavelmente um antigo deus da fertilidade ligado à natureza e ao pastoreio.

Meio-homem, meio-bode, originário da Arcádia, Pã (gr. Πάν) era o deus dos pastores e rebanhos, da caça, das paisagens montanhosas e da música rústica.

Sua ascendência é um tanto nebulosa, mas era considerado, em geral, filho de Hermes e de uma ninfa, ou da filha de Driopos, uma mortal (hino a Pã). Tinha chifres, orelhas e pernas de bode, e vivia nas montanhas e florestas da Arcádia caçando, cantando, dançando e perseguindo as ninfas, com escasso sucesso — Sírinx, Eco, Pitis, pelo menos, escaparam dele —. Às vezes participava do cortejo que acompanhava Dioniso, e tinha mais sucesso com as mênades.

Quando perturbado no calor do meio-dia, hora em que habitualmente descansava, tornava-se perigoso: estourava manadas, causava pesadelos e induzia terror (“nico”) nos perturbadores (Teócrito 1.16). Às vezes, era responsabilizado pelo pânico noturno ou pelo medo que os viajantes às vezes sentiam quando passavam por lugares selvagens e ermos.

A ‘flauta de Pã’ (gr. σῦριγξ) foi uma invenção do próprio deus. Ao perseguir, sem sucesso, a ninfa Sírinx, ouviu o som do vento agitando os caniços às margens de um rio, e teve a ideia de cortá-los em diferentes tamanhos e uní-los com cera. Em outras versões, a ninfa transformou-se nos caniços, para fugir do deus. Ao soprar o instrumento, encantou-se com a beleza dos sons e batizou-o de siringe, em homenagem à fugitiva.

Pã tocava a flauta com grande maestria e ensinou essa arte a outros, como Dáfnis, por exemplo (hinos homéricos 7.15; Teócrito 1.3). De acordo com tradições tardias, ele competiu com Apolo em torneio de flautas e Midas, que estava presente, opinou que Pã havia tocado melhor. Apolo fez então com que crescessem orelhas de burro em Midas, possível confusão com a disputa entre Apolo e o sátiro Mársias.

Segundo Heródoto (6.105), o deus foi visto pelo ateniense Fidípides durante as guerras médicas, pouco antes da batalha de Maratona, e prometeu incutir terror nos persas, se os atenienses o reverenciassem. Vencida a batalha pelos atenienses, seu culto foi instituído em uma gruta localizada no sopé da acrópole de Atenas.

Fontes e literatura

As principais fontes são o hino homérico a Pã, Heródoto (2.153) e Nono (Dionisíacas, passim). Muitos detalhes do mito de Pã foram conservados em pequenas passagens de numerosos poetas e escritores gregos e romanos.

Na literatura moderna, Pã inspirou muitas obras, entre elas a novela The Great God Pan, de Arthur Machen (1890), o romance , de Knut Hamsun (1894) e poemas de Percy Shelley (1810/1822), John Keats (1889), Robert Frost (1914) e William Butler Yeats (1939), entre outros.

Iconografia e culto

Pã era sempre representado, tanto na cerâmica como na escultura, conforme a descrição supra. É possível que a tradicional imagem cristã do Diabo, com chifres e pés de bode, tenha sido inspirada por ele.

O deus era cultuado e tinha templos e altares em toda a Grécia, especialmente na Arcádia, perto de grutas e no sopé de montes e montanhas. No templo de Megalópolis[1], onde havia um antigo oráculo, um fogo era mantido sempre aceso em sua homenagem (Paus. 8.30.2 e 3.31.1). Às vezes, sacrifícios eram oferecidos a ele, em conjunto com Dioniso e as ninfas.