Jogos olímpicos

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O prêmio do vencedorO prêmio do vencedor

Os antigos Jogos Olímpicos (gr. ἀγῶνα ἐν Ὀλυμπίᾳ, Paus. 5.8.1), série de competições atléticas promovidas no santuário de Zeus em Olímpia, Élida, começaram em -776, segundo a tradição.

Estudos recentes indicam, porém, que os primeiros jogos datam de -700, i.e., do início do Período Arcaico, e só foram efetivamente encerrados em 393, mais de mil anos depois, pelo imperador romano Teodósio[1].

Os jogos em Olímpia eram apenas uma parte do festival pan-helênico mais popular, mais prestigioso e mais concorrido da Antiguidade. As provas atléticas eram abertas a todas as póleis gregas e a todos os gregos livres do sexo masculino que não tinham cometido crimes. Atletas de todo o mundo grego acorriam ao santuário a cada quatro anos, em julho, para prestar suas homenagens a Zeus e competir nas diversas modalidades esportivas diante de milhares de espectadores.

De acordo com os registros, foram celebrados em Olímpia 293 jogos, um a cada quatro anos, e essa regular sucessão de eventos (πενταετηρίς) se tornou, inclusive, uma forma de contar o tempo, possivelmente iniciativa do historiador Timeu (c. -400/-330). Olimpíada, termo que em nossos dias é utilizado para designar as competições atléticas de Olímpia, na Antiguidade se referia à sucessão de períodos temporais de quatro anos, contados a partir de -776.

Pouco antes do início do festival, uma ‘trégua sagrada’ (gr. ἐκεχειρία) era proclamada por arautos de Élis, a pólis que controlava o santuário de Olímpia, para que atletas e espectadores de todas as póleis pudessem, independentemente de guerras e outros problemas, participar das competições e dos rituais religiosos.

As modalidades atléticas foram implementadas gradualmente. A mais antiga delas, o ‘estádio’ (gr. στάδιον) era uma corrida simples, a pé, ao longo da pista de 192 metros que, segundo a tradição, correspondia a uma certa quantidade de pés iguais aos de Héracles...

As demais eram: diaulo, uma corrida de dois estádios, dolichos, uma corrida de maior distância, corridas de carruagens, boxe, luta, pancrácio (misto de boxe e luta) e o pentatlo, complexa modalidade na qual o atleta participava consecutivamente de corrida a pé, salto à distância, arremesso de disco, arremesso de dardo e luta. Havia ainda outra modalidade de corrida denominada hoplitrodomos, na qual os concorrentes corriam de armadura, e algumas modalidades eram específicas para os jovens. No Período Clássico, havia também uma competição entre arautos e trombeteiros para determinar qual deles teria a honra de anunciar os vencedores.

Os atletas competiam nus. As provas duravam, a princípio, apenas um dia e, posteriormente, até cinco dias. Tudo era regulado e controlado pelos ἑλλανοδίκαι, os ‘juízes dos helenos’, homens de Élis que detinham a autoridade máxima durante os jogos, arbitravam todas as disputas atléticas e resolviam todos os problemas, inclusive aqueles provocados pelos espectadores.

Cerca de 40.000 pessoas se acomodavam, de alguma forma, em torno do santuário para assistir às competições. Assim como em nossos dias, além de atletas e treinadores, havia sacerdotes, delegações, familiares, mercadores e espectadores de todos os tipos... do sexo masculino. Apenas mulheres não casadas e a sacerdotiza de Deméter tinham permissão de ver as competições.

Os atletas tinham que se instalar no santuário de Olímpia um mês antes das provas, em recinto especial, treinar à vista dos juízes e prestar um solene juramento de que tinham treinado regularmente pelo menos durante os dez meses anteriores. Isso assegurava, sem dúvida, o alto nível das provas.

Os prêmios, puramente simbólicos, eram simples coroas de folhas de oliveira selvagem, mas o ‘vencedor em Olímpia’ (gr. Ὀλυμπιονίκη) era tratado como herói e desfrutava de enorme prestígio em todo o mundo grego, que se estendia a toda sua família e à sua pólis. Esses atletas tinham o direito de consagrar estátuas no recinto sagrado do templo, eram imortalizados por escultores como Míron e poetas do calibre de Píndaro e de Baquílides e, quando voltavam para casa, recebiam homenagens, prêmios em dinheiro, isenções de impostos e outras benesses. O vencedor da corrida a pé emprestava, ademais, seu nome à Olimpíada.

Passagens selecionadas

No caso da corrida de carruagens, quem era era declarado vencedor era o proprietário dos animais. Apenas nesses casos, aliás, podiam as mulheres competir... A primeira mulher coroada em Olímpia foi a princesa espartana Cinisca, em -396.

O festival começava com cerimônicas religiosas, que também ocorriam em várias outras ocasiões. As mais importantes eram a hecatombe, o sacrifício de 100 bois no altar de Zeus, e as confraternizações entre os atletas.