Hípias de Élis

Ἱππίας Hippias Eleus Historicus et Sophista Hippias
Reconstrução conjetural de OlímpiaReconstrução conjetural de Olímpia

Sofista e geômetra grego; o pouco que sabemos a seu respeito vem de três diálogos de Platão, Hípias Maior, Hípias Menor e Protágoras (318d-e, 337c-338b), e de uma longa passagem de Xenofonte (Mem. 4.4.5).

Nos diálogos platônicos e em Xenofonte ele é interlocutor de Sócrates.

Nasceu em Élis e floresceu por volta de -430; segundo a Suda (s.v.), o nome de seu pai era Diopeites, foi discípulo de Hegesidamo[1] e teve uma filha chamada Platané (Ps-Plu. Mor. 838a). Admirado pelos conterrâneos, fez parte de várias embaixadas e, em suas diversas viagens, esteve em Esparta, na Sicília e algumas vezes em Atenas, onde se tornou um dos mais requisitados e bem sucedidos sofistas. Em todos os lugares, aparentemente, suas preleções eram bem remuneradas.

De saber enciclopédico (Pl. Hp. Mi. 368b-d), acreditava que conhecimentos deviam se traduzir em aplicações práticas e certa vez, nos Jogos Olímpicos, se apresentou usando vestes, calçados, frasco de óleo e anel confeccionados por ele mesmo. Possuía notável memória (Pl. Hp. Ma. 285d-e), que atribuía ao método de memorização que desenvolvera (Pl. Hp. Mi. 368b-e).

Platão e Xenofonte o retratam vaidoso e arrogante, mas suas preleções e discursos públicos apresentados em Olímpia eram cuidadosamente preparados e faziam sucesso. Do ponto de vista filosófico, Xenofonte destaca que ele pelo menos reconhecia, assim como Sócrates, a ideia de que há leis naturais ou divinas, não escritas, que não podem ser mudadas pelo homem (X. Mem. 4.4.18), questão anteriormente apresentada por Sófocles na tragédia Antígona.

Só dispomos de informações indiretas sobre suas obras e de alguns poucos fragmentos. Uma compilação de citações dos filósofos pré-socráticos é mencionada por Clemente de Alexandria (Strom. 6.15), talvez parte de vasta coleção de informações diversas oriundas de textos antigos, a Coleção (Ath. 13.609); lista de nomes de antigas tribos gregas e de vencedores dos Jogos Olímpicos, por um escoliasta de Apolônio de Rodes (ΣA.R. 1179) e por Plutarco (Num. 1), respectivamente. Vários temas de astronomia, genealogia, lexicografia e música são mencionados em testemunhos antigos, mas sem indicação do título da obra. É possível que Hípias tenha sido o mais antigo doxógrafo da cultura grega antiga.

Proclo (in Euc. 272.3) afirma que Hípias imaginou uma quadratriz[2] para tentar resolver um dos três grandes problemas matemáticos da Antiguidade, a trissecção do ângulo[3]. O método é descrito pelo próprio Proclo e também por Papo de Alexandria e por Iâmbico, mas os dois últimos não mencionam Hípias.

Além da necessidade de boa memória, cultura, versatilidade e preparo específico sobre o tema dos discursos a ser proferidos, nada da arte retórica ou da técnica oratória de Hípias emerge dos fragmentos conhecidos.

Testemunhos e fragmentos de Hípias foram compilados por Jacoby (FGrH) e por Diels (1906). Não dispomos ainda de tradução para o português, com exceção dos diálogos platônicos e da passagem de Xenofonte.