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Museu

Μουσαῖος Musaeus Epicus / Phil.
φησὶ ... Μουσαῖος ...: βροτοῖς ἥδιστον ἀείδειν.

Diz Museu: para os mortais é agradável cantar.

Lino e MuseuLino e Museu

Músico / poeta semilendário, treinado por Apolo e pelas próprias musas, segundo [Eurípides] (Reso 945-7).

Museu é uma espécie de “duplo” ático de Orfeu (Pausânias 2.7.2), de quem teria sido discípulo (Suda. s.v.).

Era também considerado pelos atenienses um profeta ou, pelo menos, um respeitado autor de oráculos, rituais místicos (Platão, Protágoras 316d; República 363c; 364c-365a e poemas épicos. Além de oráculos, ele teria também ensinado aos atenienses a cura das doenças (Aristófanes, Rãs 1033).

Vida

Algumas tradições o situam antes de Homero, na época dos primeiros reis míticos de Atenas, mas se ele realmente existiu deve ter vivido no século -VI ou pouco depois. Era ateniense ou natural de Elêusis, filho de Eumolpo ou de Antiofemo; em outras versões ele era pai de Eumolpo, que foi discípulo de Orfeu, ou então tebano e filho de Tamiris, ou ainda filho de Orfeu (Diodoro Sículo 4.25.1).

Diodoro Sículo (1.96.2) informa que ele esteve no Egito e que, na ocasião em que Héracles realizou seu 12º Trabalho, cuidava dos ritos iniciáticos dos Mistérios de Elêusis (4.25.1).

A tradição ateniense conta que ele foi morreu idoso e foi enterrado a sudoeste da acrópole, na colina onde costumava cantar, intitulada Μουσεῖον, 'Museu', em sua homenagem (Pausânias 1.25.8). Outras tradições afirmam que ele foi enterrado em Fáleron (Diógenes Laércio 1.3), um dos portos de Atenas.

Obras

A Eumolpia, em versos hexâmetros, e um hino a Deméter, provavelmente também em hexâmetros, a julgar pelos hinos homéricos, foram atribuídos a ele por Pausânias (10.5.6; 1.22.7 e 4.1.5), que conservou dois versos do primeiro poema, que justamente mencionam os antigos oráculos de Gaia em Delfos. Pausânias acreditava, no entanto, que apenas o hino a Deméter, escrito para a família sacerdotal dos Licomidas, havia sido efetivamente criado por Museu.

A literatura oracular era, aliás, uma das características marcantes das obras ligadas a Museu, e Heródoto (7.6.3) lembra que o compilador de oráculos Onomácrito foi surpreendido fazendo acréscimos aos oráculos da coleção que, segundo a tradição ateniense, foi proferida pelo poeta. Parece que uma dessas interpolações era a previsão de que a ilha de Lemnos desapareceria no mar, e outra a história de Museu ter recebido de Bóreas o dom de voar (Pausânias 1.22.7). Pausânias (10.9.11) conservou parte de um dos oráculos referentes à batalha naval de Egospótamos (-405), na qual os atenienses foram vencidos pelo espartano Lisandro.

Dessas obras temos apenas fragmentos esparsos ou apenas o título. Eis uma pequena lista das demais: um poema com preceitos para seu filho Eumolpo em 4.000 versos (Suda s.v. μ 1294), poemas líricos e canções (idem, μ 1295), uma Teogonia (Diógenes Laércio 1.3; Σ Apolônio de Rodes 3.467 e 1179; Pausânias 1.14.3), um hino a Dioniso e um misterioso tratado intitulado Σφαῖρα, ʻEsferaʼ.

Todas as fontes se caracterizam por rápidas menções ou curtas passagens sobre Museu e suas obras. As mais importantes são Heródoto 7.6.3 e 8.96.2; Platão Protágoras 316d, República 363c e 364c-365a; Aristófanes, Rãs 1033; Pseudo-Eurípides, Reso 945-7; Diógenes Laércio 1.3; Diododo Sículo 1.96.2 e 4.25.1; Suda s.v. Μουσαῖος μ 1294-7 e s.v. Εὔμολπος. Pausânias é, indubitavelmente, nossa melhor fonte: 1.14.3, 1.22.7, 1.25.8, 4.1.5, 10.5.6, 10.9.11, 10.12.11.