Hespérides
As hespérides personificam a luz crepuscular do final da tarde, na transição entre o dia e a noite.
Origem e natureza
As hespérides são descendentes diretas de Nix. Ninfas de bela voz, vivem em longínquo e inacessível jardim situado no extremo Oeste, além das margens de Oceano, onde o sol se põe. Atlas sustentava o céu ali perto e também as górgonas viviam nas proximidades.
O Jardim das Hespérides era particularmente conhecido pelas árvores com maçãs (pomos) de ouro, plantadas pela deusa Hera. As maçãs foram presente de Gaia a Hera, por ocasião de seu casamento com Zeus. O jardim também tem fontes de ambrosia e Zeus costuma ir lá repousar.

Árvores e pomos de ouro eram vigiados por uma gigantesca serpente, Ládon (gr.
As hespérides eram três: Egle, Hespera e Eriteis (ou Eriteia). Os nomes são alusões, respectivamente, à luz do sol, ao entardecer e à vermelhidão do céu.
Os mitos das Hespérides
Episódios selecionados
- O 11º trabalho de Héracles
- O auxílio aos argonautas
- O julgamento de Páris
O jardim e as hespérides participam, juntamente com Atlas, do 11º trabalho de Héracles.
Pouquíssimo tempo depois da saída de Héracles, as hespérides auxiliaram os argonautas a encontrar água.
De acordo com Colutos (Rapto de Helena
Hesíodo, Teogonia
Iconografia
Do Período Arcaico em diante as hespérides foram retratadas por escultores, como Teocles
As hespérides eram representadas como mulheres jovens e belas em meio a árvores frutíferas, usualmente na companhia de uma serpente enroscada no tronco de uma delas. Héracles estava presente com frequência.
Variantes
De acordo com Êumelo (Titanomaquia
Em Ferécides

A quantidade de hespérides varia de duas (Fídias) a sete (Diodoro Sículo
O Jardim se localiza na Líbia (Diodoro Sículo
Para Ateneu
Recepção
As hespérides e seu jardim eram frequentemente mencionadas pelos poetas, particularmente Estesícoro e Eurípides, entre os antigos, e Nono de Panópolis
Até meados da Idade Média, a laranja doce não era conhecida na Europa. Da mesma família da cidra, foi introduzida pelos árabes no século X e, em alguns séculos, a laranja era uma espécie de moda na mesa dos ricos e poderosos. Na Itália, durante a Renascença, jardins ornamentais com laranjeiras eram equiparados ao Jardim das Hespérides; a fruta, aos míticos pomos de ouro; e Héracles se tornou o mítico introdutor dos dourados frutos do Jardim no mundo dos mortais (Paulus, 2017).
Poetas como Giovanni Pontano (1500), Robert Greene (1594) e Robert Herrick (1647) cantaram muito as laranjas, o Jardim e as hespérides, e pouco a serpente. Botânicos como Giovanni Battista Ferrari (1646) e Johann Christoph Volkamer escreveram sobre laranjas, sob o título Hesperides (1646 e 1708, respectivamente). E pintores como Jan van Eyck (O Casal Arnolfini, 1434) e Sandro Boticelli (Primavera

Após a Renascença, notadamente em pinturas de William Turner (A deusa da discórdia..., 1806), Frederic Leighton (O Jardim..., 1892) e outros, o Jardim era visto como sinônimo de tranquilidade, ócio e beleza.
Em 1721, Pietro Metastasio (libreto) e Nicola Porpora (música) apresentaram em Nápoles uma cantata intitulada Gli Orto Esperidi, ‘O Jardim das Hespérides’. E, como no antigo mito, as Hespérides cantaram...