Pseudo-Higino
Histórias e Astronomia são compêndios de mitos em latim, extraídos de fontes gregas e romanas mais antigas e incorretamente atribuídos ao erudito romano Higino.
Sumário
N.b. Abordo excepcionalmente duas obras não gregas devido à sua importância para a mitologia grega.
Não conhecemos o autor ou autores dos dois textos, mas sabemos com certeza que não se trata do gramático romano Gaius Julius Hyginus
Os dois compêndios são textos didáticos em latim, escritos com estilo simples, em prosa, sem pretensão literária, para divulgação ou aprendizado.
Não é impossível que o texto original das obras tenha sido escrito em grego e posteriormente traduzido para o latim (Cameron
Histórias
Em Fabulae, [Higino] reuniu 243 historietas[1] curtas, em prosa, em ordem mais ou menos genealógica. Todas se baseiam na mitologia grega e foram reunidas no início do
Há várias divergências entre os mitos descritos e as fontes gregas usuais, contudo alguns dados e versões existem apenas neste compêndio de [Higino]. A origem ou fonte dessas variantes é desconhecida.
Em algum momento dos
Resumo
A numeração tradicional das historietas vai de
Muitas historietas da segunda metade do texto têm catálogos, alguns bem estranhos. Ao lado de listas de filhos de vários deuses
Passagens selecionadas
Manuscritos, edições e traduções
Havia um único manuscrito datado de c. 900, perdido após ser copiado e editado — não muito bem — por Jacob Molsheim para a editio princeps (Basileia, 1535). Foram posteriormente descobertos dois fragmentos dele, que compõem o Codex Monacensis 6437 da Biblioteca Arquiepiscopal de Munique. Há um pequeno fragmento independente, o Vaticanus Palatinus lat. (Biblioteca do Vaticano,
Edição padrão: Peter Marshall (Munique / Leipzig, 22002). Não dispomos de tradução completa da obra, mas várias fabulae foram traduzidas por Diogo Alves para sua dissertação de mestrado (Campinas, 2013).
Recepção
O Primeiro Mitógrafo do Vaticano
Astronomia
O autor do compêndio, conhecido por títulos diferentes mas similares (De astronomia, Poetica astronomica etc.) pode ser o mesmo
De modo geral, as deficiências do texto são semelhantes às de Histórias.
O texto descreve a abóbada celeste e suas divisões, as constelações[2], o sol, a lua e os cinco planetas visíveis a olho nu — Vênus, Mercúrio, Júpiter, Saturno e Marte — e relata 42 mitos gregos a respeito das constelações e planetas.
Várias fontes são mencionadas, mas
Os dados astronômicos são amplos e detalhados, para a época, e têm sido estudados nos últimos anos. Os mitos das estrelas e constelações quase sempre descrevem um “catasterismo”, transformação de um personagem em estrela ou constelação. Muitos mitos de Astronomia têm semelhanças com os mitos correspondentes de Histórias.
Resumo
O texto original era dividido, talvez, em três livros. Nenhum manuscrito assinala ou marca, no entanto, essas divisões; edições impressas modernas têm, contudo, o texto organizado artificialmente em quatro livros:
O texto está inacabado e termina provavelmente antes de [Higino] discutir o ciclo metônico.
Manuscritos, edições e traduções
Há grande quantidade de manuscritos, agrupados em duas famílias. Do
sæc. xii
Dois dos mais importantes são o Reginensis lat. 1260 (Vaticano, Biblioteca Apostólica,
A editio princeps foi publicada por Agostino Carnerio (Ferrara 1475) e a primeira edição ilustrada, por Erhard Ratdolt (Veneza, 1482). Há duas boas edições modernas, a de Ghislaine Viré (Stuttgart e Leipzig, 1992) e a de Le Boeuffle (Budé, 1983). Não há traduções para o português.
Recepção
Astronomia desfrutou de grande popularidade entre estudiosos, astrônomos e astrólogos durante a Idade Média.
Uma pequena