Poucos mitos podem ser acompanhados, em sua gênese e evolução, tão de perto como o
de Asclépio, deus grego da Medicina.
Estátua de Asclépio
O autor da Ilíada menciona que os dois médicos aqueus
que foram a Troia eram filhos
do tessaliano Asclépio (Il. 2.729-732). Hesíodo, que escreveu suas
obras mais ou menos cinquenta anos mais tarde, considera Asclépio filho de Apolo
(Hes. F 63;90) e há, finalmente, evidências arqueológicas de que ele já era
cultuado no Peloponeso por volta de -500.
Píndaro, na III Pítica (c. 473), relata a lenda de seu
nascimento. Coronis, filha do lápita Flégias e irmã de Íxion, foi amada por Apolo e
esperava um filho dele. Antes de dar à luz, no entanto, teve uma aventura com Ísquis,
um simples mortal. Apolo encolerizou-se ao saber da traição e pediu à
irmã, Ártemis, que matasse a amante infiel com uma flecha. Apiedou-se, no
entanto, da criança, e retirou-a do ventre da mãe antes que as chamas da
pira funerária a consumissem. O menino, Asclépio, foi então levado ao centauro Quíron
para ser educado.
Asclépio aprendeu rapidamente a medicina e tornou-se capaz de curar
praticamente todas as doenças e traumas. Depois de algum tempo começou a ressuscitar os
mortos, e aí Hades foi se queixar a Zeus, pois seu reino estava ficando vazio. Para que
a ordem natural das coisas não fosse conturbada, Zeus fulminou Asclépio com um raio,
mas em reconhecimento de seus méritos recebeu-o entre as divindades.
Com o tempo, a lenda de Asclépio tornou-se popular e enriqueceu.
Além de Podalírio e Macaon, já citados na Ilíada, a ele eram atribuídas várias
filhas, que o auxiliavam em sua atividade curadora: Acesó e Iasó, a cura; Panaceia, a
cura universal; e Hígia, a saúde.
Fontes
Iconogragia e culto
Asclépio era cultuado em muitos lugares, e muitos de seus templos estavam associados
à cura de doenças (ver a sinopse "Templos da cura").