Sófocles / Electra

Ἠλέκτρα Electra S. El. -420 / -410

Electra (gr. Ἠλέκτρα), de Sófocles, foi representada em Atenas pela primeira vez quando o autor tinha idade bem avançada.

miniatura Electra

Não conhecemos a data exata; a partir de critérios estritamente literários, no entanto, podemos situá-la entre -420 e -410 — antes, provavelmente, da Electra de Eurípides, esta datada com certeza de -413.

É provável que a tragédia tenha sido apresentada nas Dionísias Urbanas; mas nada se sabe das demais peças apresentadas no mesmo concurso, ou a premiação obtida.

Argumento

Esta tragédia é a versão sofocliana da vingança dos filhos de Agamêmnon, Orestes e Electra, pelo assassinato de seu pai. Orestes, afastado de Argos durante anos, retorna para vingar a morte de Agamêmnon. Depois de encontrar a irmã, Electra, consegue entrar no palácio e matar Egisto e Clitemnestra, os assassinos do pai.

Ésquilo abordou o mesmo tema em Coéforas mas, diferentemente de Sófocles, seu principal enfoque é o conflito de Orestes diante da necessidade da vingança imposta pelos deuses, nomeadamente Apolo. Assim como Eurípides faria alguns anos depois, Sófocles dá destaque maior ao personagem de Electra, irmã de Orestes.

Personagens do drama

Pedagogo[1] antigo servo de Agamêmnon, preceptor de Orestes Orestes filho de Agamêmnon e Clitemnestra, irmão de Electra e Crisótemis Electra filha de Agamêmnon e Clitemnestra, irmã de Orestes e Crisótemis Coro jovens mulheres de Micenas Crisótemis filha de Agamêmnon e Clitemnestra, irmã de Electra e de Orestes Clitemnestra mãe de Ifigênia, Electra, Crisótemis e Orestes; amante de Egisto Egisto rei de Micenas, amante de Clitemnestra

Personagens mudos: Pílades, primo e fiel amigo de Orestes; uma serva, atendentes.

Mise en Scène

A cena se passa na acrópole de Micenas, diante do palácio; Micenas fica na Argólida, na região ocidental do Peloponeso. O cenário, muito simples, mostrava ao fundo a entrada do palácio dos atridas e, no meio da orquestra, um altar.

O protagonista fazia o papel de Electra; o deuteragonista, os de Orestes e Clitemnestra; o tritagonista, o de preceptor, Crisótemis e Egisto.

Resumo da tragédia

A tragédia contém 1510 versos que se distribuem em 56 páginas da edição de Dain (1958), na qual se baseia este resumo.

Orestes e seu preceptor chegam a Micenas. Orestes revela o oráculo que recebeu de Apolo, manda o preceptor ao palácio dar a falsa notícia de sua morte e diz que vai ao túmulo do pai depositar uma mecha de cabelos. Electra aparece, lamenta a morte do pai e pede aos deuses a volta do irmão (Prólogo, 1-120). Electra e o Coro lamentam a morte de Agamêmnon (Párodo, 121-250).

Electra relata a situação em que vive e os maus tratos de Clitemnestra devido às lamentações pelo pai morto. Chega Crisótemis, sua irmã, submissa à mãe e a Egisto, a caminho do túmulo do pai, onde deverá fazer libações a mando de Clitemnestra, preocupada com um sonho. Electra convence Crisótemis a substituir as oferendas da mãe por mechas de cabelos das duas, e a fazer uma prece ao pai morto para que Orestes venha vingá-lo (1º Episódio, 251-471). O coro profetiza que a justiça em breve triunfará (1º Estásimo, 472-515).

Clitemnestra e Electra discutem: a mãe apresenta as razões que a levaram a matar o marido, Agamêmnon. Depois, Clitemnestra oferece um sacrifício a Apolo, para que ele a defenda das previsões de seu sonho. O preceptor aparece, informa Clitemnestra que Orestes está morto e descreve longamente sua morte. Electra e o coro lamentam-se.

Crisótemis volta e relata à irmã ter encontrado flores no túmulo do pai e uma mecha de cabelos, que só pode pertencer a Orestes. Electra não acredita, e discute com Crisótemis: ela planeja matar Egisto, com a ajuda da irmã. Crisótemis recusa-se, e então Electra planeja fazer tudo sozinha (2º Episódio, 516-1057). O coro lamenta a situação de Electra (2º Estásimo, 1058-1097).

Orestes e Pílades aparecem, e Orestes informa Electra que está trazendo uma urna com as cinzas de Orestes; Electra lamenta-se sobre a urna. Orestes reconhece a irmã e dá-se a conhecer, mas pede-lhe que refreie as manifestações de alegria para não serem descobertos. O preceptor informa que Clitemnestra está sozinha no palácio. Orestes e Pílades entram (3º Episódio, 1098-1383). O coro celebra a chegada do vingador de Agamêmnon (3º Estásimo, 1384-1397).

Electra e o coro escutam os gritos de Clitemnestra. Orestes aparece, em companhia de Pílades, e relata e morte da mãe. Egisto chega, alegre com a notícia da morte de Orestes. Orestes, Pílades e Egisto entram, e vê-se um cadáver encoberto. Egisto descobre o corpo e, ao ver Clitemnestra, percebe tudo. Orestes informa a Egisto que vai matá-lo no mesmo lugar em que seu pai foi assassinado, e ambos saem de cena (Êxodo, 1398-1510).

Manuscritos, edições e traduções

Os manuscritos essenciais são o Mediceus (c. 1000), da Biblioteca Laurenciana de Florença, e o Parisinus 2712 (sæc. XIII), da Biblioteca Nacional de Paris. Editio princeps: a Aldina, de 1502. As principais edições modernas da tragédia isolada são as de Kaibel (1896, 1911) e Catone (1959).

Passagens selecionadas

A mais antiga tradução para o português é de 1555: Tragédia da Vingança del Rey Agamenon. Agora novamente tirada do grego em lingoagem trouada por Anrrique Ayres Victoria, cujo argumento he de Sophocles poeta grego. Agora segunda vez impressa e emendada e anhadida pelo mesmo auctor.

Bem mais recentes são as de Jaime Bruna (1960), Eusébio Dias Palmeira (1973), Maria do Céu Zambujo Fialho (1990), Trajano Vieira (2009) e JAA Torrano (2023).