Ésquilo
O mais antigo dos poetas trágicos gregos do século
Sumário
De acordo com o filósofo Aristóteles, Ésquilo foi o verdadeiro criador da tragédia ática e, em Atenas, o poeta se tornou uma instituição.
Biografia
Sabe-se de certo que Ésquilo nasceu em
Apresentou-se pela primeira vez nos concursos trágicos de Atenas em
Já em vida seu prestígio era grande. A tradição registra pelo menos duas e talvez
três viagens à Sicília, sede de algumas das mais poderosas póleis da época, para
apresentar suas peças: a primeira em
Apenas tragédias inéditas eram habitualmente admitidas nos festivais de Atenas, mas depois da morte de Ésquilo suas obras eram frequentemente reapresentadas às custas da pólis e chegaram a ser premiadas várias vezes nos concursos.
Escreveu cerca de 90 obras, entre tragédias e dramas satíricos. Também compôs, aparentemente, elegias, peãs e
As mais importantes são uma biografia anônima, a Vita anônima (Vit. Aesch.), o verbete da Suda e algumas datas anotadas no Marmor Parium (FGrH 239).
Obras sobreviventes
Sete (ou seis) tragédias completas sobreviveram; também dispomos de numerosos fragmentos de outras tragédias e de vários dramas satíricos. Sinopse das tragédias completas e dramas fragmentários mais importantes, com as datas prováveis da primeira representação, estão disponíveis no Portal:
- Persas
(-472) - Sete Contra Tebas
(-467) - Suplicantes (c.
-463) - [Ésquilo], Prometeu Acorrentado
(-462/-459) - Agamêmnon
(-458) - Coéforas
(-458) - Eumênides
(-458) - Fragmentos trágicos
- Fragmentos satíricos
As tragédias de
Não há consenso sobre a autoria da tragédia Prometeu Acorrentado. No momento, a balança parece se inclinar contra a autoria de Ésquilo e, embora ela tenha sido transmitida juntamente com suas tragédias, talvez seja prudente nos referirmos ao autor dessa tragédia como [Ésquilo].
Características da obra
Acredita-se que foi Ésquilo quem reduziu a primitiva importância do coro e acrescentou um segundo ator, tornando possível o diálogo entre os personagens e a ação dramática[1]:
É provável que ele tenha também introduzido aperfeiçoamentos no vestuário e nos cenários, a julgar pela
dificuldade técnica de algumas de suas encenações. “As tragédias da Oresteia são
os mais antigos dramas com evidências claras da presença de uma edificação (a skēnē) como
parte do espaço de performance” (Sommerstein 2008,
Os temas de suas peças frequentemente se distribuíam em trilogias interligadas, seguidas por um drama satírico, e cada enredo tratava de um dos aspectos do mito inspirador.
O enredo é simples, a ação, estática, o estilo, elevado e grandioso, às vezes bombástico e um pouco pomposo. As peças mostram também o profundo sentimento religioso do poeta.
Os personagens principais são sombrios e dominados por uma única meta (vingança, por exemplo), e suas características pessoais praticamente não variam ao longo do drama. As ações humanas têm consequências inevitáveis, pois sempre são guiadas pela fatalidade, pelo destino, ou pela vontade dos deuses.
É visível a intenção moral dos dramas. Orgulho e atitudes desmesuradas são punidas,
e o castigo inevitável pode
Em Rãs, comédia representada em
Manuscritos, edições e traduções
O mais antigo manuscrito é o Mediceus
(Laurentianus 32.9, Biblioteca Laurenciana de Florença), que data da segunda metade do século X e contém as sete tragédias quase completas,
com importantes lacunas na tragédia Agamêmnon. Os manuscritos mais recentes, especialmente os que contêm a
“tríade bizantina” (Prometeu Acorrentado, Persas, Sete contra Tebas), e.g. o Parisinus gr. 2884 da Biblioteca Nacional Francesa
A editio princeps de Ésquilo foi preparada por Franciscus Asulanus (Francesco Torresano) a partir do Mediceus e
editada em Veneza por Aldus Manutius em 1518. O Agamêmnon não foi
publicado nessa oportunidade devido à lacuna do Mediceus, e Estienne
Modernas edições de todas as obras são as de Denys Page (1972), Martin West (21998) e Alan Sommerstein (
Todas as tragédias completas de Ésquilo JÁ foram traduzidas para o português. Em 2009, JAA Torrano acrescentou à sua tradução da Oresteia, publicada em 2004, as demais tragédias completas, fazendo de Ésquilo o primeiro poeta trágico grego a ter suas obras traduzidas e publicadas de forma unificada em nosso país.