A transmissão das tragédias

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Do final do século -VI até o século -III, pelo menos, numerosos poetas escreveram tragédias para os concursos trágicos de Atenas. Do total, apenas 32 dramas chegaram integralmente aos nossos dias.

Se levarmos em conta apenas as tragédias selecionadas para representação no teatro de Dioniso durante os séculos -V e -IV, imaginarmos (conservativamente) uma dúzia de tragédias por ano e descontarmos algumas reapresentações, ainda sim contamos bem mais do que 1.000 tragédias... e dessa enorme produção só restam trinta e duas! Das outras, temos alguns títulos e alguns fragmentos; sob qualquer perspectiva, a perda é brutal.

O processo de seleção que relegou milhares de tragédias ao esquecimento é complexo e provavelmente nunca será completamente conhecido; alguns pontos críticos desse processo, puderam, no entanto, ser reconstituídos com alguma precisão.

A primeira apresentação

Os primeiros textos e as reapresentações

Que as tragédias gregas eram escritas em papiros e outros meios de registro por ocasião da sua primeira performance é fato razoavelmente estabelecido.

Posteriormente, pessoas que desejavam possuir o texto completo — ou partes dele — providenciavam ou adquiriam cópias, e os que se interessavam em reapresentar os dramas em outros lugares da Ática com certeza precisavam ter, também, seus exemplares.

Os eruditos alexandrinos

A primeira edição das tragédias completas de Ésquilo, baseada nos antigos papiros da biblioteca de Alexandria, parece ter sido a de Aristófanes de Bizâncio (c. -257/-180). Dídimo Calcentero preparou uma edição comentada em algum momento da segunda metade do século -I, e esses comentários são a fonte de vários escólios[1].

Cânone, seleções e perdas

O período greco-romano

A maior parte dos papiros com fragmentos das tragédias completas e com trechos de algumas tragédias fragmentárias data dos primeiros séculos da Era Cristã. Em Roma, durante a época de Adriano (117/138), foram publicadas várias seleções com duas ou três tragédias cada uma, que logo suplantaram em popularidade a edição das obras completas.

Período Bizantino e Idade Média

No século IV ou V, provavelmente, as edições completas não eram mais encontradas e apenas as tragédias contidas nas seleções haviam sobrevivido. Durante o Período Bizantino três tragédias tornaram-se as favoritas: Prometeu, Sete Contra Tebas e Os Persas (a “tríade bizantina”). Uma das selectas com sete tragédias, copiada em pergaminho e guardada em alguma biblioteca, sobreviveu e se tornou o principal arquétipo do texto que conhecemos.