Nenhum dos heróis gregos chegou à sua casa, depois da Guerra de Troia, sem passar por algumas dificuldades.
O assassinato de Agamêmnon
Retornos felizes
Os mais felizes
foram o velho Nestor que, após enfrentar algumas tempestades, chegou a Pilos são e salvo;
Neoptólemo, que regressou por terra à Ftia; e Filoctetes, que teve um regresso tranquilo à
Magnésia.
Polipetes, Leonteu, Podalírio e o adivinho Calcas, após uma tempestade, chegaram a Cólofon,
na Ásia Menor. Calcas faleceu pouco depois, de morte natural, sem ter visto novamente a Grécia;
Podalírio, filho de Asclépio, conseguiu rever a terra natal, mas preferiu retornar e se estabeler na
Cária[1]; Polipetes e Leonteu conseguiram, aparentemente, retornar à
Tessália.
A volta de Menelau (gr. Μενέλεως) foi atribulada. Ao se
aproximar da Eubeia, violenta tempestade jogou seus navios em Creta, onde muitos deles
encalharam. As naus restantes lograram chegar ao Egito, onde Menelau permaneceu um certo tempo
por causa de uma calmaria; segundo a maioria das versões, demorou sete ou oito anos para
conseguir retornar a Esparta, coberto de riquezas. Na versão mais corrente, Menelau e Helena
conseguiram sair do Egito graças à ajuda de Proteu.
Retornos infelizes
O retorno de Agamêmnon (gr. Ἀγαμέμνων), irmão de Menelau e
chefe da coalização grega, foi um dos mais infelizes. Durante a guerra, sua esposa Clitemnestra
associou-se a Egisto, seu grande inimigo, e ambos o assassinaram traiçoeiramente no
dia de seu regresso.
Ájax “o Menor” (gr. Αἴας), filho de
Oileu, também não se deu bem. Naufragou perto de Míconos, uma das ilhas Cíclades, e morreu
afogado quando Posídon destruiu o rochedo no qual se refugiara.
Diomedes (gr. Διομήδης) regressou a Argos sem
incidentes, de acordo com as
tradições mais antigas (Od. 3.180-190). Outras versões referem, no entanto,
que os deuses haviam reservado aos dois diversas infelicidades. Egíale, esposa de Diomedes,
havia sido infiel durante a longa ausência do marido e, ao regressar, por pouco Diomedes não
morreu nas armadilhas preparadas por Egíale e seus amantes. O herói teve que fugir de Argos e se
estabelecer no sul da península italiana, onde teria fundado várias cidades.
Idomeneu (gr. Ἰδομενεύς) teria também retornado
a Creta sem problemas (Od. 3.191-2); versões muito tardias contam, porém, que para escapar de
violenta tempestade, prometeu sacrificar a Posídon o primeiro ser humano que encontrasse em seu
reino; ao desembacarcar, seu filho (ou filha) foi recebê-lo e ele teve que cumprir
a promessa.
O arqueiro Teucro (gr. Τεῦκρος), irmão de Ájax, “o Maior”, que se
suicidara durante o último ano da guerra, retornou a Salamina mas foi mal recebido pelo pai,
Télamon, que acusou-o de não ter ajudado o irmão quando mais precisava dele. Teucro
emigrou então para Chipre, onde fundou a cidade de Salamina; segundo outras versões,
estabeleceu-se ao sul da península ibérica.
Influências
A volta de Agamêmnon e de Menelau inspirou diversos poetas trágicos, notadamente Ésquilo (Agamêmnon), Sófocles
(Electra) e Eurípides (Electra, Helena), além dos trágicos minores e dos poetas cômicos dos
séculos -V e -IV.
A de Idomeneu serviu de base para óperas de André Campra (1712) e de Mozart (1781), esta última tão modificada por
Richard Strauss em 1931 que pode ser quase considerada uma terceira ópera.