Aríon de Metimna

Ἀρίων Arion Lyricus
Hoplitas cavalgando golfinhosHoplitas cavalgando golfinhos

Citaredo semilendário, procedente de Lesbos, tido como o criador do ditirambo.

O citaredo Aríon de Metimna (gr. Ἀρίων) pode ter sido personagem histórico que floresceu por volta de -600. Nada se sabe de concreto sobre sua vida e produção musical, a não ser que nasceu na ilha de Lesbos e viveu em Corinto na época do tirano Periandro (-627/-584), um dos sete sábios da Grécia.

Aríon tocava a cítara como ninguém e, segundo a tradição, inventou o ditirambo e o nome “ditirambo” quando estava em Corinto (Heródoto 1.23). Um hino a Posídon, atribuído a Aríon, chegou até nós (); para Donaldson (1854), no entanto, ele é obra de um poeta tardio, anônimo, que por alguma razão quis atribuí-lo a Aríon.

O único episódio que conhecemos sobre sua vida, anedótico e totalmente lendário, foi conservado por Heródoto (1.24). Voltando a Corinto após uma viagem pela Magna Graecia, Aríon sonhou que o deus Apolo o alertava contra seus inimigos e lhe prometia ajuda. No dia seguinte, com efeito, os marinheiros do navio que o levava decidiram matá-lo e roubar todo o seu dinheiro; mas permitiram que Aríon cantasse pela última vez. Ao som de seu canto, diversos golfinhos, animais consagrados a Apolo, acorreram para ouvir e o músico, então, se lançou ao mar. Aríon foi recolhido pelos golfinhos e levado em segurança, nas costas de um deles, até o cabo Tênaro, na Lacônia, de onde chegou a Corinto. Mais tarde, quando o navio aportou na cidade, os marinheiros foram castigados e mortos por ordem de Periandro.

O episódio tem evidentes paralelos com o mito de Dioniso, que também escapou de um navio pirata e tranformou os piratas em golfinhos (h. Bacch.). Incidentalmente, lembremos que o ditirambo é um gênero literário consagrado a Dioniso.

Representações e literatura

Há várias representações de homens cavalgando golfinhos na cerâmica grega e em outros suportes que lembram, provavelmente, esse mito.

O mito de Aríon inspirou uma cantata (moteto para uma e duas vozes) do compositor barroco André Campra (1660/1744), um poema de Aleksandr Pushkin (1799/1837) e uma ópera de Vikram Seth e Alec Roth (1994).