Salmoneu e Tiró
Salmoneu era o filho mais velho de Éolo, irmão de Sísifo, Átamas e Alcione; pai de Tiró.
Oriundo da Tessália, Salmoneu emigrou para a Élida, região do noroeste do Peloponeso, e estabeleceu um reino conhecido por Salmonia (ou Salmone) perto de Pisa, fundado por ele com o auxílio de alguns companheiros tessalianos. Ele e sua esposa, Alcídice, tiveram apenas uma filha, Tiró.
Salmoneu é conhecido basicamente por um episódio que psiquiatras contemporâneos classificariam, pura e simplesmente, de insanidade.
A híbris[1] de Salmoneu
Salmoneu era arrogante e altivo, mas era rei e tudo ia muito bem até que se convenceu de que era Zeus, nada mais, nada menos...
Um dia exigiu que os súditos lhe oferecessem os sacrífícios devidos a Zeus e lhe prestassem as homenagens correspondentes (Verg. Aen.
Zeus obviamente não gostou nem um pouco da empáfia de Salmoneu e da ridícula apropriação de suas prerrogativas divinas.
Talvez a punição divina tenha se estendido aos súditos de Salmoneu porque eles atendiam suas insanas exigências.
A(des)venturas de Tiró
Depois da destruição de Salmoneu e de seu reino, a jovem e bela Tiró foi levada por Zeus ao seu tio Creteu, em Iolco, que acabou de
Quando chegou à idade apropriada, Posídon se apaixonou por ela e a engravidou às margens do rio Enipeu. Segundo a Odisseia (11.238-53), ela havia por sua vez se enamorado de Enipeu e ia sempre até suas águas; Posídon assumiu, então, o aspecto do rio para
Tiró teve dois filhos gêmeos com Posídon, Pélias e Neleu, futuros reis de Iolco e de Pilos, respectivamente.
De acordo com tradições tardias que possivelmente refletem temas recorrentes nos dramas áticos do Período Clássico, ela teve que abandonar as crianças e era maltratada por Sidero, esposa de Creteu. Os meninos foram, no entanto, salvos por pastores ou mercadores que por ali passaram, cresceram, voltaram, salvaram a mãe dos maus tratos da madrasta e mataram Sidero.
Mais tarde seu tio Creteu se casou com ela e lhe deu mais três filhos (Odisseia
Há um resumo da história de Tiró na Odisseia (
Variantes
A Odisseia (11.236) estranhamente qualifica Salmoneu de
No epigrama 3.9 da Antologia Palatina e em Diodoro Sículo (4.68.1,
O Pseudo-Higino (60 e 239) afirma que Sísifo, irmão de Salmoneu, teve filhos com Tiró, mas que ela os matou porque o Oráculo de Apolo vaticinou que eles futuramente matariam o pai dela, Salmoneu.
Iconografia
A única representação antiga de Salmoneu que chegou até nós, e ainda controvertida, é a cena do vaso da
Tiró aparece em alguns espelhos etruscos e em pelo menos um baixo relevo da Itália meridional, todos do final do Período Clássico e início do Período Helenístico. Datam também dessa época algumas estatuetas de terracota que representam Tiró e os gêmeos, como a da
Influências
Salmoneu e Tiró foram, na Antiguidade, personagens de tragédias (Tiro I e Tiro II, de Sófocles), de dramas satíricos (Salmoneu, de Sófocles) e de comédias (Epitrepontes, de Menandro); todas chegaram até nós em estado altamente fragmentário. Sófocles menciona Salmoneu na tragédia perdida Ájax, o Lócrio (F 10c) e Eurípides, na tragédia perdida Éolo (F 14).
Os poetas romanos Ovídio (Her. 19.139) e Propércio (1.13 e 3.19) lembraram Salmoneu e Tiró em seus poemas e, em nossos dias, o poeta Ezra Pound falou sobre Tiró no Canto II de seus The Cantos (