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O mito de Órion

Um gigantesco caçador, transformado pelos deuses em constelação juntamente com as Plêiades.

miniatura Órion em busca do sol

O mito Órion (gr. Ὠρίων) é provavelmente muito antigo, talvez até pré-homérico, pois os poemas homéricos já mencionam sua presença no céu noturno, perto das Plêiades (Ilíada 18.485-7; Odisseia 5.272-4).

Segundo fragmento de antigo poema em hexâmetros (Astronomia) atribuído na Antiguidade a Hesíodo (F 148a M-W), era filho de Posídon e de Euríale, filha do rei Minos, mas há muitas controvérsias a respeito de sua ascendência e do local de seu nascimento. Corina sustenta que ele era de Tânagra, Beócia (F 673).

Mitos

Em essência e de acordo com as fontes mais antigas, muito sucintas, ele era um poderoso caçador armado de clava (Od. 11.572-5), tinha grande estatura (Pi. I. 4.49), foi amado por Éos (Od. 5.121) e, mais tarde, morto por Ártemis (Od. 5.124) e transformado em constelação. Os mitos de que participa são variados e são contados em fontes helenísticas e romanas tardias, algumas mais ou menos organizadas pelo Pseudo-Apolodoro (1.4) em uma certa sequência.

Consta que, graças ao seu pai Posídon, ele podia caminhar sobre as ondas. Assim, chegou a Quios, matou várias feras e, bêbado, violentou Mérope, filha do rei Enópio. O rei posteriormente conseguiu cegá-lo (sozinho ou auxiliado por Dioniso) e o expulsou da ilha. Órion conseguiu chegar a Lemnos, lar de Hefesto, que lhe cedeu um servo, Cedálio, para guiá-lo. Com esse servo nos ombros ele se dirigiu para o leste e foi curado da cegueira pelos raios do sol nascente, isto é, por Hélio.

Depois de tentar, sem sucesso, se vingar de Enópio, Órion se dirigiu para Creta, onde passava o tempo caçando animais selvagens em companhia de Ártemis e de Letó. Segundo Corina (F 673), ele livrou muitas regiões dos animais selvagens e teve 50 filhos de grande força com as ninfas, e outras tantas filhas que se sacrificaram em prol de Orcômeno (F 655 e 673; Ov. Met. 13.685). Diodoro Sículo (4.85) sustenta que ele construiu o atual promontório de Capo Peloro, na Sicília, assim como um templo dedicado a Posídon que havia nele.

Há versões controversas sobre sua morte. Uma das mais populares conta que ele se vangloriou de ser páreo para qualquer animal sobre a terra, e aí Gaia enviou um escorpião gigante que o matou com uma picada. Há uma variante em que o escorpião gigante atacou Letó e, ao defendê-la, Órion foi morto (Ov. Fast. 5.537-44). Em outra versão ele se enamorou de Ártemis e tentou atacá-la, mas ela o matou com uma flecha ou enviou o tal escorpião para acabar com ele (Palaeph. 51, Call. F 570). No relato do Pseudo-Apolodoro, Ártemis o flechou porque ele atacou uma das ninfas de seu séquito.

O mito de Órion perseguindo as Plêiades remonta possivelmente a Píndaro (F 74), mas é muito mal contado em todas as fontes disponíveis. Não parece compatível com a estada dele em Creta e só sabemos que, no final, os três foram transformados em constelação: as Plêiades, Órion e até o escorpião...

Iconografia e culto

Há várias representações de caçadores com clava na arte grega antiga, mas nenhuma pode ser associada com segurança a Órion. Ele era cultuado na Beócia, especialmente em Tânagra, onde havia uma tumba de Órion perto da qual ocorria uma festa anual.

Literatura e arte

Órion é personagem de poemas de Horácio (-65/–8), Ovídio (-43/17-18), Estácio (45/96); Richard Hengist Horne (1802/1884) escreveu, em 1843, um épico em 3 volumes sobre ele. Barthélemy Prieur (c. 1536/1611) representou-o em uma estátua de bronze em 1600/1611, atualmente exposta no Louvre e Nicolas Poussin pintou a cura de sua cegueira em 1658 [Ilum. 1009]. Francesco Cavalli (1602/1676), Johann Christian Bach (1735/1782) e Philip Glass (1937-    ) compuseram óperas inspiradas em suas histórias.