A contagem do tempo
Os diversos sistemas de divisão e contagem do tempo, fundamentados em maior ou menor grau no movimento aparente dos astros, são chamados de calendários.
Sumário
O ciclo do Sol, o ciclo da Lua e o movimento da Terra em torno do sol são os fenômenos astronômicos mais importantes para a contagem do tempo.
A necessidade de contar o tempo surgiu antes mesmo da escrita, durante o Neolítico, quando os primeiros agricultores notaram a importância do exato conhecimento das estações do ano para o sucesso de suas plantações. A partir daí, cada cultura desenvolveu seu próprio sistema, restrito a suas áreas de influência.
Para contar períodos de tempo superiores a um ano, as antigas civilizações usualmente utilizavam a duração de reinados (Egito), a sucessão de magistrados (Roma Republicana), a enumeração das gerações (Grécia Arcaica) ou então um fato memorável, por exemplo a fundação de Roma (Roma Imperial).
Esses antigos sistemas, empregados ainda muito tempo depois do advento do Cristianismo e após a queda do Império Romano do Ocidente, deram lugar ao moderno calendário há pouco mais de um milênio.
Unidades de tempo
O calendário vigente, estabelecido em 1582, incorporou unidades de tempo de diferentes origens históricas. A mais antiga divisão do tempo, o dia, definida pela alternância cíclica da luz solar e da escuridão da noite é, provavelmente, anterior a 8000 a.C.
Mais tarde surgiram os meses, definidos originalmente pelas fases da
A divisão do mês em 4 semanas de 7 dias, invenção babilônica baseada em conceitos astrológicos e desenvolvida no século VII a.C., foi adotada pelos romanos na época do Império, provavelmente no século I d.C.
O calendário grego
Em épocas remotas o tempo era medido de forma muito simples, com base nas
quatro estações do ano e em diversos outros fenômenos climáticos e astronômicos (ver
Hesíodo, Trabalhos e Dias
O início do ano e o nome dos meses variava de pólis para pólis e Tucídides, em sua História da Guerra do Peloponeso,
dá uma ideia da complexidade desse sistema
O calendário mais conhecido é o ateniense ou “ático”. O ano ático tinha doze
meses lunares, com número variável de dias, e durava apenas 354 dias. Periodicamente,
Eis um quadro dos meses lunares atenienses e sua correspondência aproximada com o
calendário cristão de
Nome | Dias | Início | Fim |
---|---|---|---|
30 | 18-19 jul. | 15-16 ago. | |
30 | 16-17 ago. | 14-15 set. | |
29 | 15-16 set. | 13-14 out. | |
30 | 14-15 out. | 12-13 nov. | |
29 | 13-14 nov. | 11-12 dez. | |
30 | 12-13 dez. | 10-11 jan. | |
29 | 11-12 jan. | 08-09 fev. | |
30 | 09-10 fev. | 10-11 mar. | |
29 | 11-12 mar. | 08-09 abr. | |
30 | 09-10 abr. | 08-09 mai. | |
29 | 09-10 mai. | 06-07 jun. | |
30 | 07-08 jun. | 06-07 jul. |
Por volta de
No século IV a.C. os gregos tomaram como base comum da contagem do tempo os
jogos olímpicos, disputados a cada quatro anos. O historiador Timeu
Após a conquista romana, as póleis gregas adotaram o calendário juliano.
Calendário juliano / gregoriano
Os romanos utilizavam primitivamente um calendário lunar, com adição periódica de um mês suplementar para compensar o atraso em relação às estações do ano, dependentes do ano solar. O método, extremamente rudimentar, acumulou em 47 a.C. uma diferença de 80 dias, gerando enorme confusão na vida civil e religiosa.
No ano seguinte, 46 a.C., o ditador romano Júlio César
- o ano de 46 a.C. teve a duração prolongada: 445 dias;
- o ano passou a ser calculado em 365,25 dias;
- os doze meses passaram a ter duração diferente, quase igual à que têm até hoje;
- o primeiro dia do ano, antes situado em 15 de março, foi fixado em 1º de janeiro;
- a cada quatro anos, para compensar a fração anual excedente (0,25 dias), foi instituído o ano de 366 dias, chamado de ano bissexto até hoje.
Foi um trabalho soberbo para a época. No entanto, como outros calendários, havia ainda pequena defasagem entre o real número de dias do ano astronômico e os intervalos básicos de tempo (dias, meses, ano). A Terra completa uma revolução em torno do Sol a cada 365,2422 dias; como o ano havia sido fixado em 365,25 dias, essa pequena diferença foi se acumulando, e a cada 128 anos atingia 1 dia.
Durante a República Romana e também na época do Império Romano,
Em 1582 d.C., pouco mais de 1600 anos depois de sua instituição,
- 10 dias do ano de 1582 foram suprimidos (o dia 4 de outubro foi seguido pelo dia 15 de outubro);
- os anos terminados em "00" e não divisíveis por 400 deixaram de ser considerados bissextos (1700, 1800 e 1900 d.C., não foram; 2000 d.C., foi).
O calendário juliano “corrigido”, chamado de gregoriano em homenagem ao Papa, também não é perfeito, pois há um excesso de 0,0003 dias em relação ao ano astronômico. A diferença, porém, é de apenas 1,13 dias a cada 4000 anos: novo ajuste será necessário somente em 5582 d.C., daqui a 3582 anos.
O tempo atômico
Em nossos dias,
A cada 19 meses, em média,
Era cristã, a.C. e d.C.
No ano da graça de 523, o monge católico Dionísio, o Pequeno, decidiu efetuar a contagem a partir do nascimento de Jesus Cristo. Calculou que o nascimento de Cristo havia ocorrido em 753 AVC, no dia 25 de dezembro, e fixou o início da “nova era” no dia 1º de janeiro do ano seguinte, o 754º da fundação de Roma.
O novo sistema cronológico não foi aceito de imediato, nem mesmo pela Igreja Católica. Finalmente admitido no século X d.C. pela Cúria romana, foi gradualmente adotado pelas nações cristãs, assim como o calendário gregoriano.
Devido à adoção do calendário gregoriano e da Era Cristã pela maioria das nações
Sabe-se hoje que Dionísio, o Pequeno, cometeu um pequeno erro de cálculo: Jesus Cristo, na verdade, nasceu pouco antes de 749 AVC, quatro a oito anos antes da data “oficial”. No entanto, por tradição, até hoje o ano 754 AVC continua sendo o “Ano 1” da Era Cristã.
Com a adoção quase universal do calendário gregoriano e da Era Cristã no
Ocidente, os anos posteriores à data tradicional do nascimento de Cristo (assinalado
com um
É costume, principalmente entre os historiadores, utilizar as abreviações a.C.,
“antes de Cristo” e d.C., “depois de Cristo”, para especificar se a data se refere à
Era Cristã ou ao período anterior. Os países de língua inglesa também utilizam, para a
Era Cristã, a sigla
Eis mais alguns conceitos úteis:
- não existiu o “ano zero”; o dia 31 de dezembro de 1 a.C. foi seguido pelo dia
1º de janeiro de 1 d.C.
Alguém nascido em março de 10 a.C. e morto em abril de 20 d.C. terá vivido, portanto, não 30 anos, e sim 29.
Regra: 10 + 20 - 1(subtrai-se , naturalmente, o inexistente anozero ). - o século (lat. saeculum, abreviatura saec. ou sæc.) compreende um período de 100 anos e é habitualmente representado
por um algarismo romano; como não houve ano zero, o último ano de cada século
d.C. termina sempre em “00”, assim como o primeiro ano de cada século a.C. Por exemplo:
sæc. II a.C. 200 a.C. - 101 a.C. sæc. I a.C. 100 a.C. - 1 a.C. sæc. I d.C. 1 d.C. - 100 d.C. sæc. II d.C. 101 d.C. - 200 d.C. - o milênio compreende um período de 1000 anos e o primeiro e o último ano
são calculados como no caso do século.
Desse modo, o 2º milênio da Era Cristã termina em 31 de dezembro de 2000; o 3º milênio começou, portanto, em 1º de janeiro de 2001.
Convenções utilizadas no Portal
Adoto, em minhas páginas, uma variação do sistema usado pelos astrônomos para as
datas anteriores à Era Cristã ou Era Comum: números negativos. Você encontrará o ano
753 a.C., por exemplo, escrito deste modo:
Os matemáticos acham desnecessário colocar o sinal “+” quando utilizam números posivos; do mesmo modo, não utilizo a notação “d.C.” ou “AD” para datas posteriores à Era Cristã ou Comum. O ano 284 d.C., por exemplo, fica simplesmente assim: 284.
Algumas datas situadas na
Para assinalar nascimentos, mortes ou apenas um intervalo de tempo, utilizo
uma barra inclinada para a direita: “Júlio César