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Anacreonte

Άνακρέων Anacreon LyricusAnacr.

Poeta lírico, sexto do cânone alexandrino de nove poetas líricos, autor de pequenos poemas conviviais muito imitados em ao longo da Antiguidade e do início do Período Bizantino[1].

Vida e obra

Anacreonte nasceu em Teos, na Ásia Menor, por volta de -575, e morreu mais ou menos em -490.

Esteve em vários lugares: sabe-se que viveu algum tempo em Abdera (c. -540), em Samos, na corte de Polícrates (c. -532), e também em Atenas, junto ao tirano Hiparco (c. -522).

As mais importantes são: Suda α 1916; Eusébio, Crônica p. 104; Aristoxeno F 12; Eliano, Histórias Diversas 9.4; Σ Píndaro Ístmicas 2.1b; [Platão] Hiparco 228bc.

Suas canções eram simples, agradáveis e espirituosas; muito populares, aparentemente foramm criadas para simpósios e festas íntimas: os principais temas eram o amor e o vinho.

Anacreonte utilizava o dialeto jâmbico e predominantemente o dístico elegíaco, mas com características próprias, e vários outros metros diferentes. Em alguns poemas, recorreu ao metro iâmbico, na melhor tradição da poesia desse gênero.

miniaturaAnacreonte (-575/-490)

Os eruditos alexandrinos dividiram sua obra em 5 livros, mas os fragmentos conhecidos podem ser atribuídos apenas aos três primeiros.

E Anacreonte influenciou nada menos do que nosso Machado de Assis, que em 1870 escreveu a comédia intitulada Uma Ode de Anacreonte.

Anacreontea

O estilo de Anacreonte, mais tarde conhecido por “anacreôntico”, foi muito imitado pela posteridade, particularmente entre os séculos I e VI.

Alguns poemas desse tipo — uns 60, mais ou menos — foram incluídos na Antologia Palatina e, durante a Renascença, atribuídos a Anacreonte. Logo, porém, os estudiosos concluíram que a coletânea não é criação dele e, consequentemente, o conjunto de poemas recebeu o título Anacreontea (‘odes anacreônticas’), para marcar a diferença.

Textos

Manuscritos e edições

Os dois manuscritos utilizados por Henri Estienne na editio princeps (Paris, 1554) continham todas as odes, mas se perderam. Muitas delas foram, no entanto, já identificadas em citações de autores antigos.

A principal fonte atual do texto grego é a editio princeps e vários papiros recentemente descobertos (e.g. POxy. 2321 e 2322). Quanto às anacreontea, estão presentes nos manuscritos da Antologia Palatina.

A mais importante edição padrão é a de Martin West (Oxford, 1971; anacreontea = Leipzig, 1984), mas a de David Campbell (Loeb, 1988) deve ser mencionada por sua praticidade.

Passagens selecionadas

Traduções

Existem várias traduções para o português de algumas odes de Anacreonte e das odes anacreônticas.

António Ferreira traduziu apenas uma ode, em 1598; depois dele Francisco Manuel S. Malhão (1804), António Teixeira de Magalhães (1819), António Feliciano de Castilho (1866), Luiz Calado Nunes (1917), José Anastácio da Cunha (1930) e Almeida Cousin (1948).

Mais recentemente, diversas odes foram traduzidas por Maria Helena da Rocha Pereira (1959); Daisi Malhadas e Maria Helena Moura Neves (1976); e Carlos Leonardo Antunes (2018). Carlos Martins de Jesus (2009) traduziu as anacreônticas.

Antunes declama algumas das odes em grego e em português, com música, em publicações do YouTube (ver dois exemplos em links).