Hipônax

Ἱππῶναξ Hipponax Iambographus Hippon.
Moeda de ClazomenasMoeda de Clazomenas

O iambógrafo Hipônax de Éfeso, autor de versos de fundo satírico, foi um dos precursores do mimo helenístico.

Muito apreciado durante o Período Helenístico, inspirou Calímaco e o romano Catulo mas, bem antes disso, influenciou os antigos poetas cômicos.

Biografia e obra

Floresceu mais ou menos na metade do século -VI (c. -540) e era de origem aristocrática. Por alguma razão, provavelmente política, foi desterrado para Clazômenas, onde viveu em condições econômicas precárias. Nada mais se sabe, de certo, sobre sua vida.

Hipônax foi o primeiro poeta a valer-se de linguagem deliberadamente vulgar, mesclada a estrangeirismos lídios, certamente correntes em Éfeso e Clazômenas, póleis da Grécia Asiática onde viveu. Chegaram até nós numerosos fragmentos com um tipo especial de iambo, o coliambo (gr. χωλιαμβός) ou iambo escazonte, ‘coxo’ (gr. σκάζων), que ele teria inventado. Ele introduziu no último pé do trímetro iâmbico um pé espondeu ou troqueu, o que resulta em quebra de ritmo, com efeitos cômicos, mais ou menos assim[1]:

× ‒ ⏑ ‒ × ‒ ⏑ ‒ × ‒ ⏑ ×

× ‒ ⏑ ‒ × ‒ ⏑ ‒ × ‒ ‒ ×

Alguns autores atribuem essa invenção a outro poeta contemporâneo, Ananios, também poeta iâmbico[2]. Esse metro prestava-se, em Hipônax, a temas populares e realistas, de humor ácido e bastante pesado, coalhado de vitupérios.

Passagens selecionadas

Fragmentos, edições, traduções

Os fragmentos de Hipônax dependem, como no caso dos poetas elegíacos e dos outros poetas iâmbicos, de citações de escritores posteriores e de papiros fragmentários; muitos, no entanto, são de autenticidade duvidosa. Foram publicados por Welcker (1817), Schneidewin (1839) e Bergk (1882); mais recentemente, por Knox (1929) e West (1971).

Há poucos anos, Degani (1998) editou diversos fragmentos novos. Walter de Sousa Medeiros (1961/1969) traduziu, em 1960, os fragmentos então conhecidos para o português e Celina Lage publicou a tradução dos fragmentos 68 e 128 West na Web.