Tudo está ajustado ao número.
Biografia
Segundo a tradição, Pitágoras nasceu
c.
Contavam-se muitas lendas a seu respeito, entre elas a capacidade de estar em dois
lugares ao mesmo tempo e a de recordar as vidas passadas. Independentemente disso, era
respeitado como sábio e fundou na cidade uma espécie de comunidade eminentemente
religiosa, mas que participava ativamente da política local.
No fim da vida, desentendimentos políticos
A confraria pitagórica
Segundo algumas referências tardias, a confraria ou irmandade criada por Pitágoras
em Crotona reunia cerca de trezentos jovens, que viviam separadamente dos outros
cidadãos e mantinham os bens em comum. Tudo o que era ensinado tinha de ser mantido em
segredo, e nada se revelava aos de
A finalidade da confraria era, aparentemente, uma satisfação interior que a religião
tradicional não dava, mas mesmo assim não há provas de que tivessem rompido com ela.
Pitágoras oferecia sacrifícios aos deuses e parece mesmo ter havido fortes ligações
entre os pitagóricos e o culto de Apolo em Delfos. Parece ter havido, também, alguma
influência do orfismo, um misterioso movimento
Devido ao voto de silêncio, somente especulações quanto à natureza dos ensinamentos
ministrados por Pitágoras chegaram até nós, e de veracidade muito variável. Havia
precauções rituais, como por exemplo evitar
Exercícios físicos, música e estudos referentes à teoria musical e à matemática,
assim como sua aplicação à natureza do Universo, aparentemente também faziam parte do
currículo.
A obediência devida ao mestre era absoluta, e o argumento final de qualquer
discussão era um “foi ele que
A despeito de algumas oposições nem sempre pacíficas, os discípulos e seguidores de
Pitágoras continuaram difundindo sua doutrina e desenvolvendo atividades políticas em
várias cidades do sul da Itália até fins do século
Textos e doutrina
Pitágoras, caso tenha realmente existido, nada escreveu; não há nenhuma indicação, nos escritores posteriores, dos argumentos e razões apresentadas para explicar qualquer uma de suas doutrinas.
A crença na reencarnação, transmigração da alma ou ainda metempsicose
é a mais conhecida e popular das doutrinas pitagóricas.
Uma generalização da descoberta das relações numéricas entre os tons musicais levou, provavelmente, à ideia de que os números definem tudo aquilo que existe (ver epígrafe, supra): “só aquilo que se pode determinar numericamente é um existente” (Lesky, 1971).
Alguns fragmentos esparsos, finalmente, deixam entrever uma verdadeira
Fragmentos e doxografia
Dezenas de tratados chegaram até nós sob o nome de Pitágoras, mas são meras ficções
criadas no Período
Alguns dos autores mais importantes para o estudo do pitagorismo foram Aristóteles
Edições e traduções
As coletâneas mais importantes de fragmentos e trechos doxográficos são a de Mulach (1868) e a de Hercher (1873). A edição de Kirk, Raven e Schofield (41994), que existe em versão portuguesa, traz uma seleção de vários testemunhos no texto original, com a tradução.
A mais antiga tradução para o português data de 1795 e se refere às “ficções” mencionadas acima, mas tem inegável valor histórico: Versos de Ouro que vulgarmente andam em nome de Pythagoras, traduzidos do grego e ilustrados com escólios e anotações críticas por Luís António de Azevedo. Em nossos dias, a doxografia foi traduzida por Gerd Bornheim em 1967.
Outras iluminuras
Notas
- A palavra esotérico (gr.
ἐσωτερικός , ‘de dentro’, ‘do círculo interno’) se refere a ensinamentos reservados a um círculo específico de pessoas. Conhecida desde o século II, foi empregada nesse sentido por Iâmblico (VP 17.72) em relação aos membros da confraria pitagórica; em nossa época tem sido também usada em assuntos ligados ao Ocultismo. Em contraposição, o termo exotérico, (gr.ἐξωτερικός , ‘externo, do exterior’) se refere a ensinamentos filosóficos (ou não) transmitidos a todos, sem restrição. - A crença muito difundida de que os pitagóricos eram vegetarianos, isto é, se abstinham de carne, não tem qualquer fundamentação nas fontes antigas confiáveis que chegaram até nós.
- Eis aqui um genuíno ancestral do famoso magister dixit, ‘foi o mestre que disse’ da escolástica medieval europeia. A expressão era muito utilizada em relação às obras de Aristóteles
(-384/-322) , entendidas na época como verdade absoluta e definitiva. - Em estudos de religião e de filosofia, escatologia (gr.
ἔσχατος , ‘último, final’), se refere às “últimas coisas”, notadamente à morte e ao fim do mundo. No Cristianismo,relaciona-se igualmente com os dogmas do Juízo Final, Céu e Inferno. - Após a morte terrena, os deuses enviavam seus escolhidos para as ‘ilhas dos
bem-aventurados ’ (gr.Μακάρων νῆσοι , Od. 4.561) onde levavam nova vida, perfeita e agradável. O local era vagamente situado no extremo oeste do rio Oceano, metáfora para lugares distantes e inalcançáveis. Na época clássicafalava-se dos ‘campos Elíseos’ (gr. sg.Ἠλύσιον πέδιον ), prado aprazível e de grande beleza situado igualmente na margem de Oceano; nas versões tardias dos mitos,situava-se oἩλύσιον em algum lugar do hades, o mundo subterrâneo dos mortos. É essa, aparentemente, a origem da crença de cristãos e muçulmanos no céu.
Leitura complementar 



Créditos das ilustrações
Links externos
- Pythagoras from Samos
- Pythagoras
- Pythagoras and the Pythagoreans, Fragments and Commentary, by A. Fairbanks
Imprenta
publicado em 03/06/1999.