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Doxografia e fontes da filosofia grega

Marcos Tullius Cícero (-106/-43)Marcos Tullius Cícero (-106/-43)

Bem cedo os filósofos e outros eruditos sentiram a necessidade de estudar, de forma organizada, o pensamento de seus antecessores. A História da Filosofia nasceu na própria Grécia e, desde o final do século XVIII, constitui uma disciplina autônoma dentro da Filosofia.

Um sério problema para os historiadores modernos são as numerosas obras filosóficas hoje perdidas. Muitas vezes a única fonte sobre a doutrina de um filósofo antigo são os trechos transcritos pelos antigos comentadores e historiadores da Filosofia.

O próprio Aristóteles (-384/-322) pode ser considerado um precursor da História da Filosofia, pois habitualmente discutia as opiniões de seus predecessores nos capítulos iniciais de suas obras, notadamente na Metafísica.

Os doxógrafos

O iniciador da prática de coligir e descrever as doutrinas dos filósofos e das escolas filosóficas foi Teofrasto (-371/-287), um dos discípulos de Aristóteles. Seu livro, do qual restam alguns fragmentos, chamava-se Opiniões dos Filósofos da Natureza (gr. Ἐκ φυσικῶν δοξῶν ). Daí em diante os que se dedicavam a essa atividade passaram a ser chamados de doxógrafos.

Também em outras áreas do conhecimento, o termo doxografia (lat. testimonia) passou a designar uma coleção de escritos de um determinado autor, citados, mencionados ou resumidos por autores posteriores, ou apenas uma informação dada por eles a respeito de outro autor ou de sua obra.

Além de Teofrasto, outros doxógrafos importantes na área de filosofia são: Sócion de Alexandria (-200), Varro (-116/-27), Cícero (-106/-46), Écio (sæc. II), Hipólito de Roma (170/236) e Sexto Empírico (c. 190). Diógenes Laércio (200/250) e seu livro / compilação Vidas dos filósofos ilustres ocupa um lugar especial na história da filosofia.

Fontes

É relativamente grande o número de autores e obras gregas conhecidos apenas através de antigos testimonia.

Com exceção da obra de Platão (-429/-347), Aristóteles (-384/-322), Plotino (205/269) e três cartas de Epicuro (-341/-270), a maior parte dos textos filosóficos são conhecidos somente através de citações de eruditos muito posteriores. Vários aspectos das doutrinas, felizmente, sobreviveram através de comentários e análises dos doxógrafos gregos e romanos.

Os fragmentos, no entanto, representam apenas uma fração mínima das obras originais e muitas vezes são citados em contexto difícil de interpretar.

Eis as fontes mais importantes dos fragmentos filosóficos, em grego ou em tradução para o latim:

Pré-socráticos
Platão (-429/-347), Aristóteles (-384/-322), Plutarco (sæc. II), Clemente de Alexandria (150/215), Hipólito de Roma (170/235), Diógenes Laércio (200/250), Estobeu (sæc. V), Simplício (sæc. VI);
Doutrinas helenísticas
Cícero (-106/-43), Lucrécio (-99/-55), Sêneca (-5/65), Marco Aurélio (121/180), Diógenes Laércio (200/250).