Pitágoras de Samos
Pitágoras de Samos o ‘mais hábil filósofo grego’ (Heródoto
Sumário
Ainda não se sabe com certeza se ele realmente existiu; é possível que “Pitágoras” tenha sido apenas um personagem mítico a quem foram atribuídas as realizações de filósofos pitagóricos antigos e anônimos.
Biografia
Segundo a tradição, Pitágoras nasceu
Consta, finalmente,
que emigrou entre
Contavam-se muitas lendas a seu respeito, entre elas a capacidade de estar em dois
lugares ao mesmo tempo e a de recordar as vidas passadas. Independentemente disso, era
respeitado como sábio e fundou na cidade uma espécie de comunidade eminentemente
religiosa, mas que participava ativamente da política local.
No fim da vida, desentendimentos políticos
A confraria pitagórica
Segundo algumas referências tardias, a confraria ou irmandade criada por Pitágoras
em Crotona reunia cerca de trezentos jovens, que viviam separadamente dos outros
cidadãos e mantinham os bens em comum. Tudo o que era ensinado tinha de ser mantido em
segredo, e nada se revelava aos de
A finalidade da confraria era, aparentemente, uma satisfação interior que a religião tradicional não dava, mas mesmo assim não há provas de que tivessem rompido com ela. Pitágoras oferecia sacrifícios aos deuses e parece mesmo ter havido fortes ligações entre os pitagóricos e o culto de Apolo em Delfos.
Parece ter havido, também, alguma
influência do orfismo, um misterioso movimento
Devido ao voto de silêncio, somente especulações quanto à natureza dos ensinamentos
ministrados por Pitágoras chegaram até nós, e de veracidade muito variável. Havia
precauções rituais, como por exemplo evitar
Exercícios físicos, música e estudos referentes à teoria musical e à matemática,
assim como sua aplicação à natureza do Universo, aparentemente também faziam parte do
currículo.
A obediência devida ao mestre era absoluta, e o argumento final de qualquer
discussão era um “foi ele que
A despeito de algumas oposições nem sempre pacíficas, os discípulos e seguidores de
Pitágoras continuaram difundindo sua doutrina e desenvolvendo atividades políticas em
várias cidades do sul da Itália até fins do século
Escritos e doutrinas
Pitágoras, caso tenha realmente existido, nada escreveu. Não há nenhuma indicação, nos escritores posteriores, dos argumentos e razões apresentadas por ele para explicar qualquer uma de suas doutrinas. O mais correto, consequentemente, utilizarmos a notação [Pitágoras].
A crença na reencarnação, transmigração da alma ou ainda metempsicose
é a mais conhecida e popular das doutrinas pitagóricas.
Uma generalização da descoberta das relações numéricas entre os tons musicais levou, provavelmente, à ideia de que os números definem tudo aquilo que existe (ver epígrafe, supra): “só aquilo que se pode determinar numericamente é um existente” (Lesky, 1971).
Alguns fragmentos esparsos, finalmente, deixam entrever uma verdadeira
- a alma, após a morte, está sujeita a um julgamento divino;
- a seguir, há um castigo no mundo subterrâneo para os perversos;
- há um melhor destino para os bons que, isentos de maldade no próximo mundo e em posterior reencarnação, podem alcançar a Ilha dos
Bem-Aventurados[5].
Os textos pitagóricos
Dezenas de tratados chegaram até nós sob o nome de Pitágoras, mas são meras ficções
criadas no Período
A reconstrução das doutrinas pitagóricas se baseia exclusivamente em alguns poucos fragmentos de Filolau de Crotona, que viveu mais de um século depois de Pitágoras, e em testemunhos doxográficos de valor muito desigual.
Alguns dos autores mais importantes para o estudo do pitagorismo foram Aristóteles
Edições e traduções
As coletâneas mais importantes de fragmentos e trechos doxográficos são a de Mulach (1868) e a de Hercher (1873). A edição de Kirk, Raven e Schofield (41994), que existe em versão portuguesa, traz uma seleção de vários testemunhos no texto original, com a tradução.
Passagens selecionadas
A mais antiga tradução para o português data de 1795 e se refere às “ficções” mencionadas acima, mas tem inegável valor histórico: Versos de Ouro que vulgarmente andam em nome de Pythagoras, traduzidos do grego e ilustrados com escólios e anotações críticas por Luís António de Azevedo.
Em nossos dias, a doxografia foi traduzida por Gerd Bornheim em 1967.