A titanomaquia

Praticamente nada se sabe das atividades dos titãs, titânides e seus pares antes da titanomaquia (gr. Τιτανομαχία), a violenta disputa pelo poder entre a segunda e a terceira geração de deuses, i.e. entre os titãs e Zeus.

miniaturaZeus derruba um titã

A juventude de Zeus

O pequeno Zeus, que havia escapado da “fome” de Crono graças à sua mãe, Reia, cresceu nas grutas da ilha de Creta, alimentado com mel e amamentado nos primeiros anos pela cabra (ou ninfa) Amalteia.

Enquando pequeno, os curetes, entidades divinas de origem incerta, dançavam ruidosamente à sua volta para que o choro dele não chamasse a atenção de Crono. Outras entidades misteriosas, os dáctilos, velaram também pela infância do deus.

Ao atingir a idade adulta, Zeus decidiu destronar o pai, conforme a antiga profecia de Urano e Gaia, associou-se a outras divindades e empreendeu a titanomaquia, i.e., a luta contra os titãs.

A primeira aliada de Zeus foi a oceânide Métis, personificação da sabedoria (ou, talvez, da astúcia...). Métis enganou Crono, fazendo-o beber uma poção que o obrigou a vomitar Héstia, Deméter, Hera, Hades e Posídon, os filhos engolidos, na ordem inversa da devoração. Zeus conseguiu ainda libertar seus tios, os ciclopes, que se juntaram a ele e aos irmãos.

A luta

Armado com o relâmpago — presente dos ciclopes — e recoberto com a égide — possivelmente a pele da cabra Amalteia, já morta —, Zeus enfrentou Crono e os outros titãs. Do lado de Zeus, além dos irmãos e dos tios, os ciclopes, estavam as oceânides Métis e Estige, os filhos de Estige (Zelo, Nice, Crato e Bias) e Prometeu, filho de Jápeto. Do lado dos titãs, as operações foram conduzidas por Atlas.

Consta que o único dos titãs que não participou da luta foi Oceano, que permaneceu neutro e quieto em seu lugar, em volta da terra firme. As titânides ficaram igualmente bem quietinhas, junto de Oceano e Tétis.

Após dez anos de luta, a um conselho de Gaia, Zeus libertou também seus outros tios, os poderosíssimos hecatônquiros. Com mais esses aliados, os titãs foram finalmente derrotados e expulsos do céu.

Zeus, rei dos deuses

Vencidos os titãs, os filhos de Crono partilharam então o poder: Zeus ficou com o céu, Posídon com o mar e Hades com o mundo subterrâneo. Zeus, o mais poderoso dos três, instalou-se no Monte Olimpo e se tornou o soberano dos deuses.

O novo soberano prendeu os titãs vencidos no Tártaro, eternamente vigiados pelos hecatônquiros, e condenou o poderoso Atlas a sustentar eternamente a abóbada celeste. A seguir, pôs-se a organizar o mundo, atribuindo aos deuses das diversas gerações honras e prerrogativas, conforme suas promessas de campanha (Hes. Th. 391-6):

ἀθανάτους ἐκάλεσσε θεοὺς ἐς μακρὸν Ὄλυμπον, εἶπε δ', ὃς ἂν μετὰ εἷο θεῶν Τιτῆσι μάχοιτο, μή τιν' ἀπορραίσειν γεράων, τιμὴν δὲ ἕκαστον ἑξέμεν, ἣν τὸ πάρος γε μετ' ἀθανάτοισι θεοῖσιν 395 τὸν δ' ἔφαθ', ὅστις ἄτιμος ὑπὸ Κρόνου ἠδ' ἀγέραστος, τιμῆς καὶ γεράων ἐπιβησέμεν, ἧ θέμις ἐστίν. chamou os deuses imortais ao grande Olimpo e disse que aos deuses que com ele combatessem os Titãs, não privaria das prerrogativas, e as honras que cada um tinha antes entre os deuses imortais manteria. E falou 395 que aquele sem honras e sem prerrogativas sob Crono honras e prerrogativas alcançaria, como é justo.

O novo soberano também gerou novos deuses e, quando a terra foi povoada de seres humanos mortais, grande quantidade de heróis, daí o epíteto “pai dos deuses e dos homens”.