Diógenes Laércio

Διογένης Λαέρτιος Diogenes Laertius D.L. 200 / 250

A mais completa obra que a Antiguidade nos legou sobre os filósofos gregos e suas doutrinas chama-se Vida e opiniões dos mais eminentes filósofos (gr. Βίοι καὶ γνῶμαι τῶν ἐν φιλοσοφίαι εὐδοκιμησάντων) e foi compilada, segundo a tradição, por Diógenes Laércio (gr. Διογένης Λαέρτιος).

Sumário

Diógenes Laércio

Praticamente nada se sabe a respeito desse Diógenes. É possível que seu sobrenome indique a cidade de origem — a cidade de Laerte, na Cílícia (Ásia Menor), ou a família romana dos Laërtii. Floresceu, provavelmente, na primeira metade do século III.

Escreveu em grego e parece ter recebido alguma formação na área de filosofia; do ponto de vista literário, o estilo é pobre, descuidado até. Diógenes raramente cita suas fontes, mas chega a mencionar mais de quarenta obras consultadas[1] — todas, provavelmente, compilações tardias de informações variadas e contraditórias sobre os filósofos gregos. As informações registradas são, portanto, de terceira mão, muitas vezes anedóticas, digressivas e quase sempre apresentadas sem qualquer crítica ou discussão.

Diógenes também escreveu uma coletânea de epigramas com epitáfios de homens ilustres (gr. Πάμμετρον, ver D.L. 1.39), que reproduz aqui e ali no texto de Vidas e opiniões ... A inspiração e a qualidade literária desses epigramas são, no máximo, sofríveis.

Apesar de tudo, o texto de Diógenes Laércio é fonte inestimável de informações a respeito da vida e do pensamento dos filósofos gregos da Antiguidade. Muitos são conhecidos somente através de sua citações.

Resumo

O texto está dividido em 10 livros de extensão desigual, que ocupam 170 meias páginas da edição grega, com tradução latina simultânea, publicada em 1850 por Cobet.

O livro I começa por um Proêmio de 21 parágrafos em que a crença de que a filosofia começou entre os “bárbaros” (egípcios, persas) e não entre os gregos é contestada; a seguir, Diógenes faz um rápido panorama dos filósofos e escolas filosóficas que floresceram na Grécia.

Eis o plano da obra[2]:

Livro I. Proêmio. Os Sete Sábios e outros precursores da filosofia: Tales, Sólon, Quílon, Pítaco, Bias, Cleóbulo, Periandro, Anacarsis, Míson, Epimenides e Ferecides.

miniaturaLaertii Diogenis De
Vitis Dogmatis ...

Livro II. Os primeiros filósofos e seus sucessores: Anaximandro, Anaxímenes, Anaxágoras, Arquelau, Sócrates, Xenofonte, Ésquines, Aristipo, Fédon, Eucleides, Estílpon, Críton, Símon, Glauco, Símias, Cebes, Menedemo.

O Livro III é dedicado inteiramente a Platão e à Academia; o Livro IV, a seus discípulos: Espeusipo, Xenócrates, Polemon, Crates, Crântor, Arcesilau, Bíon, Carneades e Cleitômaco. O Livro V trata dos peripatéticos, i.e., de Aristóteles e seus discípulos: Teofrasto, Estráton, Lícon, Demétrio de Fáleron, Heracleides.

No Livro VI estão os filósofos da Escola Cínica: Antístenes, Diógenes, Mônimo, Onesícrito, Crates, Metrocles, Hiparquia, Mênipo e Menedemo. No Livro VII, os da Escola Estoica: Zênon, Aríston, Hérilo, Dionísio, Cleantes, Esfairo, Crisipo.

Pitágoras e os pitagóricosEmpédocles, Epicarmo, Árquitas, Alcmeon, Hípaso, Filolau, Eudoxo — estão no Livro VIII. O Livro IX trata dos céticos e de alguns filósofos que "não classificáveis": Heráclito, Xenófanes, Parmênides, Melisso, Zênon de Eleia, Leucipo, Demócrito, Protágoras, Diógenes de Apolônia, Anaxarco, Pirro e Tímon.

O Livro X, finalmente, é dedicado a Epicuro e a seus discípulos.

Manuscritos, edições, traduções

Dentre os numerosos manuscritos que chegaram até nós, os melhores são o Codex Barbonicus, da Biblioteca Nacional de Nápoles (c. 1200), o Parisinus graecus 1759, da Biblioteca Nacional de Paris (c. 1300), e o Florentinus gr. plut. 69,13 (1200/1400), da Biblioteca Laurenciana de Florença.

A editio princeps das partes do texto com as vidas de Aristóteles e de Teofrasto é a edição Aldina, publicada em 1497, juntamente com as obras de Aristóteles; a da obra completa, a de Froben, publicada em 1533. Outras edições antigas: Estienne (1570), Casaubon (1594), Pearson (1664), Meibomius (1691/1692) e Longolius (1791). Dentre as edições mais recentes, as mais importantes são as de Hubner (1828/1831), Cobet (1850), Hicks (1925) e Long (1964). Há também algumas poucas edições específicas de partes da obra.

Passagens selecionadas

A primeira e única tradução para o português é a de Mário G. Kury (1977).