Zênon de Eleia

Ζήνων Zeno Eleaticus Phil. Zeno Eleat.

Para Aristóteles, ele criou a dialética, a arte de argumentar e discutir, e influenciou diretamente a escola megárica de filosofia.

Em nossa época, Bertrand Russel[1] afirmou que Zênon de Eleia estabeleceu os fundamentos da lógica.

Biografia e doutrina

Platão apresentou-o como discípulo de Parmênides, em seu diálogo Parmênides, mas na verdade seus dados biográficos não são bem conhecidos. Estima-se que nasceu c. -490/-485 e, coisa rara em relação a personagens da Antiguidade, dispomos de um indício a respeito de seu aspecto físico: no Parmênides, Platão informa que ele era "alto e de boa aparência" (ver Pl. Prm. 127a-128d).

De certo, sabe-se apenas que Zênon apoiava as ideias de Parmênides e que, para defendê-las, desenvolveu uma série de quarenta argumentos que reduzia as ideias contrárias ao absurdo (em latim, diz-se reductio ad absurdum). Sua intenção era, basicamente, destruir a argumentação da parte contrária ao demonstrar que as premissas apresentadas conduziam a contradições inaceitáveis.

Desses "argumentos", os famosos "paradoxos" (aporias) de Zênon, conhecemos com algum detalhe apenas quatro: o da dicotomia, o de Aquiles, o da flecha e o do estádio. No paradoxo de Aquiles, um dos mais famosos, ele procurou demonstrar que o movimento é apenas uma aparência, pois nunca alcança o seu termo.

Imaginemos uma corrida entre Aquiles, o corredor mais rápido dentre os heróis da Mitologia, e uma tartaruga, símbolo da lentidão. Aquiles concede ao animal uma vantagem: percorrer um metro antes que ele saia do ponto de partida. De acordo com o senso comum, Aquiles seria certamente o vencedor; Zênon, porém, argumentou que o perseguidor tem que atingir, primeiro, o ponto de partida do perseguido, de modo que o mais lento, por ter saído na frente, estará sempre adiante do mais rápido.

Fragmentos, edições e traduções

Restam-nos apenas alguns fragmentos, conservados por Simplício. A doxografia é considerável e importante, notadamente as passagens de Aristóteles em que as doutrinas de Zênon são discutidas.

A primeira edição de Zênon é a de Karten (1835); posteriormente, ele foi editado por Mulach (1845) e por Zeller (1876). A mais completa coletânea, no entanto, é a obra de Diels e Kranz (61951). A edição crítica de Kirk, Raven e Schofield (41994), porém, é útil e cômoda.

Os fragmentos e a doxografia de Zênon foram traduzidos para o português por Gerd Bornheim em 1967 e por R. Kuhnen e Ísis L. Borges em 1973.