Ésquilo / Eumênides
Com 1047 versos, é a terceira e última tragédia da Oresteia, célebre tetralogia de Ésquilo que venceu as Dionísias Urbanas de Atenas em
Eumênides é a mais antiga das tragédias agonísticas que conhecemos, ou seja, é a primeira com cenas em que os personagens se enfrentam em debate. As outras duas tragédias da tetralogia, Agamêmnon e Coéforas, chegaram integralmente até nós; o drama satírico Proteu, não.
Hipótese
Após a morte de Egisto e de Clitemnestra, assassinos de seu pai, Orestes sai de Argos (Micenas), sempre perseguido pelas terríveis Erínias e se dirige a Delfos. O deus Apolo, que o protege, adormece as ferozes perseguidoras e o envia ao templo de Atena, em Atenas.
Em Atenas, as Erínias voltam a encontrar Orestes, mas a deusa Atena o defende e propõe que ele seja julgado pelos cidadãos atenienses. As Erínias fazem a acusação, durante o julgamento, e o próprio Apolo se encarrega da defesa. Contados os votos dos juízes, há empate; a deusa Atena
As Erínias se revoltam com o resultado, mas a conselho de Atena abandonam suas antigas prerrogativas, ficam em Atenas e se tornam Eumênides, isto é, 'benfazejas'.
Dramatis personae
Figurantes: juízes, mulheres, crianças e velhos atenienses, um arauto; e Hermes, filho de Zeus e deus dos mensageiros.
Mise en Scène
A cena se passa, inicialmente, diante do templo de Apolo em Delfos; depois em Atenas, primeiro na acrópole, diante do templo de Atena, e depois no Areópago.
O cenário que representava Delfos continha, provavelmente, somente a representação da entrada do templo de Apolo. O cenário de Atenas utilizava certamente a mesma pintura, com a adição de uma estátua de Atena à sua frente; o Areópago pode ter sido simbolizado simplesmente pela presença dos juízes em um dos lados da orquestra.
Eumênides é um dos mais antigos exemplos de movimento e descontinuidade de ação numa tragédia. Com a mudança de cenário, pela primeira vez o coro tem de sair de cena antes do êxodo e, após um novo e breve prólogo (o epipárodo), fazer nova entrada.
O protagonista fazia o papel de Orestes; o deuteragonista, o de Apolo; e o tritagonista, todos os demais. O coro das Erínias vestia roupas negras e suas máscaras se assemelhavam às pinturas das górgonas. E os figurantes, como descrito acima, eram numerosos.
Resumo da tragédia
Prólogo (1-139), párodo (140-177), 1º episódio (179-243), epipárodo (244-275), 2º episódio (276-298), 1º estásimo (299-396),
3º episódio (397-489), 2º estásimo (490-565), 4º episódio (566-777),
Manuscritos, edições e traduções
O melhor manuscrito é o Mediceus, do século X. Editio princeps: a Aldina, de 1518.
Mais importantes edições modernas da tragédia isolada: Groeneboom (1952), Podlecki (1989), Sommerstein (1989), West (1991).
Traduções para o português: Daniellou (1975), Pulquério (1990) e Torrano (2004).