Eurípides / Alceste

A tragédia Alceste (
A distância entre Alceste e As filhas de
Pélias, sua primeira tragédia, é de quase 20 anos;
O drama tem 1163 versos e foi representado nas Dionísias Urbanas de Atenas em
Até hoje há uma certa controvérsia quanto à exata natureza desta peça. Segundo alguns eruditos, pela posição na tetralogia, pelo “final feliz” e pelo tom levemente humorístico de algumas passagens, ela é mais condizente com um drama satírico ou com uma tragicomédia do que com uma tragédia. A maioria, no entanto, reconhece em Alceste uma verdadeira tragédia, pois esses mesmos elementos podem ser encontrados nas demais tragédias de Eurípides e, em menor grau, nas de Ésquilo e de Sófocles, e isso sem mencionar o fato de que o drama foi aceito pelo arconte no concurso de tragédias.
Hipótese / argumento
Alceste relata a lenda de Admeto, rei de Feras, o amigo de Apolo que escapou da morte graças à dedicação e sacrifício de sua esposa, Alceste, que se ofereceu para tomar seu lugar. Mas tudo acaba bem quando o poderoso Héracles, a caminho de seu 8º Trabalho, intervém e consegue trazer Alceste de volta, depois de lutar contra o próprio Tânato.
Dramatis personae
E mais um servo e uma serva de Admeto.
Mise en Scène
A cena se passa em Feras, na Tessália, no palácio do rei Admeto. O protagonista fazia Apolo e Admeto; o deuteragonista, Alceste, Feres e Héracles; o tritagonista, Tânato e os servos.
Resumo
A tragédia contém 1163 versos, distribuídos em 48 páginas da edição de Méridier (1926), que serviu de base para o presente resumo.
Apolo explica ao público porque Alceste está morrendo e Tânato se prepara para vir buscar a
rainha. Apolo tenta, em vão,
Uma serva sai do palácio, em lágrimas, e informa que sua ama está quase morrendo.
Relata os preparativos e preces efetuados por ela pouco antes, o sofrimento de seus
filhos e de Admeto (1º Episódio,
Alceste delira, nos braços de Admeto; depois, recuperada, transmite a ele seu
último desejo: que ele não dê aos filhos uma madrasta. Admeto diz que guardará luto
toda a vida, e pouco depois Alceste morre. Êumelo, um dos filhos pequenos, lamenta a
perda da mãe e a seguir Admeto informa as disposições para o funeral (2º Episódio,
Héracles chega ao palácio, a caminho da Trácia, para realizar mais um de seus
famosos Trabalhos. Admeto, embora enlutado, convence o herói a ficar em sua
casa, alegando que o luto se devia apenas ao falecimento de uma mulher ligada à
família (3º Episódio,
Admeto sai do palácio com o cortejo fúnebre. Feres, seu pai,
Quando o cortejo afinal se afasta, em direção à tumba, um servidor aparece e
relata o comportamento turbulento de Héracles. O herói aparece a seguir e convida o
servidor a se alegrar também; ofendido, ele não resiste e
Admeto retorna e, juntamente com o coro, entoa um longo lamento (4º Episódio,
606-961). O coro aconselha Admeto a se resignar e elogia Alceste (4º Estásimo,
Héracles retorna em companhia de uma mulher, censura Admeto por
Passagens selecionadas
- Eurípides / Alceste 157-96
- Eurípides / Alceste 509-50
Manuscritos, edições e traduções
As fontes mais importantes da Alceste são os manuscritos Parisinus 2713 (sæc. XII), da Biblioteca Nacional de Paris, o Vaticanus 909 (sæc. XIII), da Biblioteca do Vaticano e o Laurentianus xxxi 10 (sæc. XIV) da Biblioteca Laurenciana de Florença.
A editio princeps é a de Janus Lascaris, publicada em Florença em 1496. As edições modernas básicas são as de Dindorf (1869), Nauck (1871), Murray (1909) e Méridier (1926). A edição de Diggle (1984) apresenta de forma minuciosa e completa o estado atual do texto; a mais recente e acessível, porém, é a de Kovacs (1995).
A primeira tradução para o português foi publicada em 1908 por João Cardoso de
Meneses e Sousa, o Barão de Paranapiacaba.