Poema completo de Safo, provavelmente o primeiro do Livro 1.
A tradução, já publicada, é de Leonardo Antunes (2009)*.
Afrodite eterna de etéreo trono,
Filha de Zeus que urde enganos, peço-
Te: com mágoa e náusea não domines,
Dona, minh'alma,
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Mas pra cá descende se alguma vez,
Tendo a voz me ouvido de muito longe,
Escutaste e a áurea casa pátria,
Vindo, deixaste em
Carro atrelado. Formosas aves
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Ágeis te levavam por sobre a terra
Negra, densas asas no céu vibrando em
Meio ao ar.
Logo aqui chegaram e tu, ditosa,
Em teu rosto eterno um sorriso abrindo,
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Quis saber a causa de minha angústia,
A ordem do apelo,
O que eu mais queria que me passasse
De ânimo imprudente. “Agora quem
Devo persuadir para ti. Quem, Safo,
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Faz com que sofras?
Se ora foge, logo te irá no encalço.
Se rejeita os dotes, não tarda a dá-los.
Se não te ama, logo ela vai te amar
Contra a vontade.”
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Vem-me agora, pois, desfazer essa árdua
Aflição. Perfaz-me o que minha alma
Sonha ver perfeito, e sê tu mesma
Minha aliada.
(*) Licença da tradução: CC BY 4.0.