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Outras aventuras de Héracles

Héracles, Nesso e as GórgonasHéracles, Nesso e as Górgonas

Logo após o último trabalho, Héracles dirigiu-se a Cálidon, na Etólia, onde lutou contra o rio Aqueloo, pretendente de Dejanira, irmã do herói Meleagro. Héracles derrotou-o e casou-se com Dejanira, cumprindo assim a promessa que fizera, no Hades, à sombra de Meleagro.

Viveu algum tempo em Cálidon, tranquilamente, no palácio de Eneu, pai de Dejanira, mas teve de exilar-se depois de matar acidentalmente um tal Êunomo, parente do rei.

Junto com Dejanira e Hilo, seu filho mais velho, dirigiu-se a Tráquis, na Fócida, onde foi acolhido por Ceix, sobrinho de Anfitrião, seu pai adotivo. No caminho matou com uma flecha o centauro Nesso, que tentara violentar Dejanira fingindo ajudá-la na travessia de um rio. Antes de morrer, porém, o centauro segredou a Dejanira que seu sangue era um poderoso filtro amoroso e aconselhou-a a guardar um pouco, caso algum dia Héracles deixasse de amá-la. Esposa apaixonada (mas desconfiada), Dejanira acreditou piamente e recolheu o sangue de Nesso, contaminado pela flecha envenenada com o sangue da Hidra de Lerna.

Em Tráquis, Héracles viveu sem problemas mais algum tempo e teve mais filhos, até que num acesso de loucura matou Ífito, filho de Êurito, rei da Ecália. Deixando a esposa e os filhos, procurou novamente o conselho do Oráculo de Delfos, que recusou-se a responder-lhe; louco da vida, o herói arrancou a trípode consagrada a Apolo e levou-a embora. O próprio Apolo, seu meio-irmão, desceu furioso do Olimpo para enfrentá-lo e recupar a trípode, mas um raio de Zeus separou os contendores e acalmou-os. O herói devolveu a trípode e Apolo ordenou ao Oráculo que respondesse.

miniaturaÔnfale adormecida

Para expiar o crime, Héracles foi condenado a servir três anos como escravo. Leiloado por Hermes, foi comprado por Ônfale, rainha da Lídia (região norte da península anatólica). Ela apaixonou-se por ele e divertia-se vestindo-o de mulher e usando, em troca, a pele do leão de Nemeia e a clava. Era, apesar disso, uma rainha muito prática e, imitando Euristeu, encarregou o heroico escravo de alguns “trabalhinhos”, cumpridos com grande facilidade: a captura dos Cércopes, agressivos mas bem-humorados salteadores de estrada; e a morte de Sileu e Litierses, dois "econômicos" facínoras que obrigavam os passantes a trabalharem em suas vinhas (Sileu) e campos (Litierses) antes de matá-los.

Após a servidão junto a Ônfale, Héracles teve ainda outras aventuras, entre elas a da expedição contra Troia (ver o 9º trabalho) e, no retorno à Grécia, uma aberrante aventura na ilha de Cós, no litoral da Anatólia: vendo seu rei Antágoras em uma luta amigável com Héracles, os habitantes da ilha pensaram tratar-se de uma disputa mortal e, solidários, atacaram em massa o herói. Conta-se que, para não matar ninguém, o herói escondeu-se e saiu da ilha disfarçado de mulher...

miniaturaHéracles liquida Alcioneu

Relata-se também, fora do âmbito dos “trabalhos”, grande número de expedições contra vários reis e povos da Grécia, de lugar incerto na cronologia do herói e invariavelvente bem-sucedidas: contra Neleu, de Pilos (Messênia); Hipocoonte, de Esparta (Lacônia); os Lápitas, os Dríopes e Amintor, da Tessália. O irmão de Héracles, Íficles, morreu na luta contra Hipocoonte.

Menciona-se, finalmente, a participação de Héracles na viagem dos Argonautas e sua colaboração com Zeus na gigantomaquia, quando ajudou o pai, os tios e os irmãos divinos a matar vários gigantes.

Influências

A história de Héracles e Dejanira foi dramatizada por Sófocles na tragédia As traquinianas. O encontro do casal com o centauro Nesso inspirou numerosas obras de arte gregas e romanas.