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Demócedes et alii.

Os primeiros médicos gregos históricos são conhecidos, notadamente, por inscrições e por raras menções textuais.

De uns nada sabemos, nem mesmo o nome, como por exemplo o dono de uma estela fúnebre procedente da Jônia, datada de -480 (Ilum. 0100, infra). Sabemos um pouco mais, naturalmente, sobre os médicos mencionados em textos literários.

Demócedes (gr. Δημοκήδης), médico crotoniata mencionado por Heródoto (3.129-34), viveu durante a segunda metade do século -VI e é o primeiro médico grego de que temos notícia. Depois de trabalhar algum tempo com seu irascível pai em Crotona, na Magna Graecia, clinicou em Egina, Atenas, Samos e também na Pérsia, onde tratou o rei Dario I (-522/-486) e sua esposa, a rainha Atossa.

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Médico anônimo do século -V.

Nada sabemos sobre a exata natureza de seus conhecimentos, mas Heródoto relata que ele recorria a “métodos helênicos”, alterndo suavidade e energia. Outra informação interessante era que ele recebia uma verdadeira fortuna de algumas cidades para residir lá e cuidar da saúde dos cidadãos, e que a boa fama dos médicos de Crotona se devia a ele.

Sambrotidas (gr. Σαμβροτίδης), filho de Mandrocles, era médico em Mégara Hibleia, c. -550, e muito bem sucedido — ou muito apreciado pelos cidadãos. Seu marco fúnebre é um koûros de mármore cicládico com 1,20 metros de altura, monumento que não deve ter custado pouco dinheiro. É possível que sua família tenha vindo da Jônia.

Onasilo (gr. Ὀνασίλος) e irmãos, filhos de Onasicipro, eram médicos em Idálion, Chipre, no início do século -V. Pouco antes de -478/-470, durante uma guerra entre Idálio, Cítio e os persas, Onasilo e os irmãos trataram os soldados feridos, sem cobrar nada. Receberam os agradecimentos do rei e da cidade através de um decreto oficial que concedeu a ele e a seus descendentes um terreno com pomar, parte das terras do próprio rei (Inscr. Cypr. 105).

Erixímaco (gr. Ἐρυξίμαχος), médico ateniense da segunda metade do século -V, era amigo de Platão e participou, em -416, do simpósio que comemorou a vitória do poeta Agaton no concurso trágico de Atenas, descrito por Platão no diálogo O Banquete. Durante a reunião ele demonstrou que conhecia as teorias médicas de Alcmeon de Crotona e passou ao poeta Aristófanes, em plena festa, uma “receita” para conter os soluços.

Médicos “públicos” e concursos

Em sua maioria, os médicos arcaicos eram itinerantes, viajavam constantemente e ofereciam seus serviços em vários lugares (Hp. Aër 1.1.3). Cidades maiores e mais ricas, no entanto, procuravam ter pelo menos um médico à disposição dos cidadãos e o poder público pagava por isso.

Passagens selecionadas

Onasilo, em um momento de crise, ofereceu gratuitamente seus serviços; no caso de Demócedes, as cidades que tinham interesse por seus serviços o contratavam diretamente, por um período determinado.

Em Atenas, pelo menos na segunda metade do século -V, havia uma espécie de concurso (Pl. Grg. 455b e 514d; X. Mem. 4.2.5). Os candidatos se apresentavam à Assembleia, diziam com que mestre haviam estudado e descreviam sua experiência profissional.