Luciano / Diálogo dos mortos

Νεκρικοὶ διάλογοι Dialogi Mortuorum Luc. DMort.165 / 175

Diálogos dos Mortos (gr. Νεκρικοὶ διάλογοι) é uma das obras mais famosas e mais engraçadas de Luciano.

miniatura Hades, Perséfone e habitantes
do hades

Fowler (1905) acredita que o diálogo foi escrito entre 165 e 175, alguns anos antes de sua morte.

O diálogo luciânico e, em especial, o dos Mortos, é o exemplo mais acabado do gênero literário conhecido por “sátira menipeia”[1], caracterizado pela ousadia, pelos recursos cômicos (especialmente a sátira, a ironia e o ridículo), pelo contraste com os gêneros considerados “sérios” (tragédia, comédia, diálogo platônico, etc.) e pela frontal ruptura com a realidade (Bakhtin 2000).

A obra se compõe de 30 diálogos curtos nos quais interagem, além de Hades, senhor do mundo subterrâneo, Hermes, o deus que conduz os mortos ao reino de Hades e Caronte, o barqueiro que transporta os mortos através do rio Estige, algumas das figuras mais importantes e famosas da mitologia e da história da Grécia Antiga.

Os diálogos giram em torno de Diógenes e de Menipo, dois falecidos filósofos da escola cínica que constantemente questionam os outros mortos e expõem com corrosiva ironia a inconsistência de suas ideias e atitudes durante a vida. “Menipo não poupa ninguém” (Scheel 2003).

Resumo

Eis uma lista de todos os diálogos (a ordem varia um pouco, conforme o manuscrito e a edição):

  • Diógenes e Polideuces
  • Mortos, Plutão e Menipo
  • Menipo e Trofônio
  • Hermes e Caronte
  • Plutão e Hermes
  • Terpsíon e Plutão
  • Zenofanto e Calidemides
  • Cnêmon e Damnipo
  • Similo e Polístrato
  • Caronte, Hermes e mortos
  • Crates e Diógenes
  • Alexandre, Aníbal, Minos e Cipião
  • Diógenes e Alexandre
  • Felipe e Alexandre
  • Aquiles e Antíloco
  • Diógenes e Héracles
  • Menipo e Tântalo
  • Menipo e Hermes
  • Éaco e Protesilau
  • Menipo e Éaco
  • Menipo e Cérbero
  • Caronte e Menipo
  • Plutão e Protesilau
  • Diógenes e Mausolo
  • Nireu, Térsites e Menipo
  • Menipo e Quíron
  • Diógenes, Antístenes e Crates
  • Menipo e Tirésias
  • Ájax e Agamêmnon
  • Minos e Sóstrato

Edições e traduções

Passagens selecionadas

Diálogos dos Mortos é um texto sempre presente nas edições completas de Luciano e, dada sua popularidade, quase sempre nas edições parciais. Não tenho conhecimento de edição isolada do texto.

A primeira tradução para o português é a de Américo da Costa Ramalho (1989); seguiram-na a de Henrique Murachco (1996) e a de Celeste Consolin Dezotti (1996).

Influência

Esta obra de Luciano inspirou várias imitações durante os séculos XVII e XVIII, especialmente na Inglaterra (e.g. Lyttelton, 1760), Estados Unidos (e.g. Beasley, 1814) e na França (e.g. Fontenelle, 1683 e Fénelon, 1700).