O grego, assim como muitas outras línguas extintas e vivas
da Europa e da Ásia
Ocidental, faz parte da grande família das línguas indo-europeias.
Sumário
Ao lado do sânscrito, a língua grega é uma das mais antigas da família indo-europeia.
A família indo-europeia
As populações que hoje chamamos de indo-europeias chegaram ao
sudeste europeu e à Ásia Ocidental no final do Neolítico ou no início do
Bronze Antigo, mais ou menos em -3000. A mistura de sua linguagem com
a língua falada pelas populações locais originou diversos idiomas. Alguns deles existiram somente
na Antiguidade; outros existem até hoje.
Dizer que determinada língua é da família indo-europeia
significa que o vocabulário, a estrutura gramatical básica e outros fenômenos
linguísticos têm grandes semelhanças entre si. Do ponto de vista do vocabulário, por
exemplo, comprovar a origem indo-europeia de uma determinada língua é
simples: basta comparar as palavras dos vocabulários.
grego
português
francês
espanhol
italiano
inglês
alemão
latim
sânscrito
πατήρ
pai
père
padre
padre
father
vater
pater
pitá
Veja, no quadro ao lado, uma comparação entre a palavra pai
em línguas
vivas (grego, português, francês, espanhol, italiano, inglês, alemão) e em línguas
mortas (latim e sânscrito). A despeito das variações fonéticas — /fa/, /pa/
e /va/, entre outras —, o parentesco é evidente.
Quem eram, exatamente, os indo-europeus? Diversos conhecimentos
sobre a cultura indo-europeia antiga foram recuperados a partir do
estudo das línguas mais velhas da família, mas ainda não foi possível atribuir
nenhum achado arqueológico concreto ao hipotético povo indo-europeu original,
antepassado dos demais.
Teoriza-se ademais que teria existido uma língua indo-europeia primitiva
da qual derivaram as línguas mais antigas da família, mas os eruditos concordam apenas que a língua e outros elementos da
cultura grega primitiva têm origem indo-europeia. É possível que, durante a Idade do Bronze, tenha ocorrido com o
indo-europeu primitivo o mesmo que se deu com o latim vulgar no início da Idade Média[1].
A origem do grego antigo
Assim como no caso do hipotético idioma indo-europeu comum
, muitos eruditos
acreditam que, em tempos remotos — talvez por volta de -2200 — nos territórios
gregos mais antigos existia um único dialeto, o grego comum, do qual os
demais derivaram. Outros sustentam que nunca existiu, historicamente, um dialeto
grego único. Um forte argumento a favor dessa segunda possibilidade é o fato de que a cultura grega daquela
época, resultado da mistura de diversas populações do Neolítico e da Idade do
Bronze, era bastante diversificada do ponto de vista arqueológico.
Acredita-se ademais que língua grega guarda resquícios da mistura populacional neolítica e pré-indo-europeia. Os filólogos
modernos notaram, entre outras coisas, que certas palavras terminadas em
-ssos/-nthos e usadas para nomear lugares sã
estruturalmente diferentes do padrão indo-europeu que caracteriza o
resto da língua grega, e devem ter sido incorporadas antes de -2200:
Tirintos (nome de cidade), Parnassos (nome de montanha),
Kefissos (nome de rio)...
Os dialetos gregos
O termo grego antigo engloba, na realidade, diversas variantes dialetais: o
micênico, o árcado-cipriota, o eólico, o
dórico, o iônico e o ático eram os dialetos mais importantes.
Sua existência está bem documentada durante o Período Arcaico e o Período Clássico,
mas é altamente provável que esses regionalismos tenham se desenvolvido muito tempo
antes.
Distribuição dos dialetos gregos
O dialeto mais antigo deve ter sido, naturalmente, o correspondente ao grego
falado pelos mínios durante o Heládico Médio, mas não há nenhuma prova disso. O mais
antigo dialeto documentado por inscrições é o dialeto micênico (século
-XV); o segundo mais antigo é, aparentemente, o
árcado-cipriota, que tem vários graus de parentesco com o
dialeto micênico. A dominância econômica e intelectual de Atenas durante o
Período Clássico explica a razão de o dialeto ático ter se difundido por todo o mundo grego e
de os demais dialetos perderem progressivamente a importância até mesmo em suas áreas de origem.
Durante o Período Helenístico os gregos já falavam um dialeto único, conhecido
por koiné (gr. κοινὴ
διάλεκτος, ver D.H.
Isoc. 2), derivado do dialeto ático. A koiné, às vezes chamada igualmente de
dialeto alexandrino, tornou-se a língua comum de todo o mundo
mediterrâneo, helenizado pelas conquistas de Alexandre III da Macedônia, e foi
utilizado durante muitos séculos, inclusive ao longo do Período Bizantino. O grego
moderno deriva dele.