O pancrácio (gr. παγκράτιον, lit. 'o poder todo') era uma violenta modalidade esportiva introduzida nos Jogos Olímpicos de -648 (Pausânias 5.8.8) — 33ª Olimpíada — e posteriormente adotada em outros festivais.
Cena de pancrácio
Tratava-se de esporte de contato
praticamente sem regras, que combinava boxe ou pugilato e luta livre[1] (πυγμὴ e πάλη, escólio de Platão República 338c-d).
O combate podia ocorrer com os lutadores de pé ou não, e durava até que um dos oponentes vencesse. O pancratista (gr. παγκρατιαστές)
era usualmente muito hábil e recorria a socos e a grande quantidade de golpes para derrubar e nocautear o oponente. Apenas
duas coisas eram rigorosamente proibidas: morder e enfiar o dedo no olho do adversário.
Tradicionalmente, quando um dos lutadores
queria desistir, ele erguia um dos dedos (Fig. 0575).
O pancrácio é provavelmente uma das mais antigas formas de luta, pois os gregos remontavam seu uso aos heróis Héracles e Teseu,
que teriam recorrido a golpes do pancrácio para dominar o Leão de Nemeia e o Minotauro, respectivamente. Na Ilíada e na Odisseia, no entanto, o pugilato e a luta são mencionados separadamente (e.g. Ilíada 23.621-2 e Odisseia 8.126-30).
Pancratistas célebres
O vencedor da primeira disputa de pancrácio, na Olimpíada de -648, foi o atleta Lígdamis de Siracusa, de quem nada mais se sabe.
Timasiteu de Delfos (c. -690/-508) venceu por diversas vezes o pancrácio em Olímpia (-516 e -512) e nos
Jogos Píticos (Pausânias 6.8.6).
Arríquion de Figaleia venceu a competição em Olímpia três vezes, em -572, -568 e -564, e morreu em plena luta nos Jogos de -564 devido a um violento aperto no pescoço, segundos depois de acertar um golpe que levou seu oponente a erguer o dedo (Pausânias 8.40.2, Filóstrato, o Jovem, Imagens 2.6). Embora já estivesse morto quando o adversário desistiu, os juízes não hesitaram em declará-lo vencedor e a coroar seu cadáver, posteriormente sepultado com honras por seus concidadãos.
Dorieu, filho do célebre atleta Diágoras de Rodes (fl. -464/-448), obteve pelo menos três vitórias sucessivas no pancrácio, em Olímpia, oito vitórias nos Jogos Ístmicos e mais sete vitórias nos Jogos Nemeus (Pausânias 6.7.1-6).