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A ciência geográfica

O mosaico de AlexandreO mosaico de Alexandre

A geografia grega, assim como outras disciplinas, recebeu enorme impulso do Período Helenístico em diante graças à abordagem relativamente científica de Eratóstenes, bibliotecário-chefe da Biblioteca de Alexandria, e de seus sucessores.

O Período helenístico

O interesse despertado pelas aventurosas campanhas de Alexandre III (-356/-323) em terras asiáticas, que revelaram novos horizontes e despertaram grande interesse pelas características dessas terras distantes e pouco conhecidas, reflete-se na obra dos historiadores Agatárquides de Cnido (sæc. -II) e Diodoro Sículo (sæc. -I). Dos quarenta volumes de Diodoro, restaram quinze, mas da obra geográfica de Agatárquides, No Mar Vermelho, restaram apenas extensos fragmentos conservados por Diodoro e por Fócio (820/892?).

A ciência geográfica progrediu especialmente com Eratóstenes (-284/-195), diretor da Biblioteca de Alexandria a partir de -246. Em seu tratado Geografia ele descreveu diversos lugares e seus habitantes, dividiu a Terra em três zonas (frígida, temperada e tórrida) e desenvolveu um método de medir distâncias, precursor das atuais coordenadas geográficas, e construiu um mapa-múndi com base em seu sistema. Sua mais famosa realização, no entanto, foi a medida da circunferência da Terra com precisão nunca antes obtida.

O astrônomo Hiparco de Niceia (-190/-126) fez contribuições notáveis ao sistema de localização de pontos geográficos através das latitudes e longitudes. Políbio (-200/-118) firmou a importância da geografia na interpretação da história. Crates de Malos (c. -168) tentou pela primeira vez construir um globo terrestre, e nele os continentes formavam quatro "ilhas" separadas pelas águas oceânicas. Artemidoro de Éfeso (c. -100) escreveu um extenso tratado geográfico, hoje perdido.

O Período greco-romano

Estrabon (-64/19), um grego nascido na Ásia Menor, estudou em Roma, viajou por diversos países e escreveu um tratado de Geografia em dezessete livros que chegou até nós praticamente na íntegra. O historiador Arriano (90?/160?) também escreveu tratados de geografia e, assim como Estrabon, relatou as explorações asiáticas de Nearco de Creta (fl. -334/-312), almirante de Alexandre III (-356/-323), no Rio Indo, no Golfo Pérsico e no Rio Tigre.

O mais importante geógrafo da Antiguidade foi Ptolomeu de Alexandria (100/170), mais conhecido pelo nome de Cláudio Ptolomeu. Seus mapas, embora com diversos erros, foram os mais acurados que a Antiguidade produziu e desfrutaram de imenso prestígio e autoridade durante toda a Idade Média.

Menção especial merece Pausânias (fl. -170/-180), que viajou por toda a Grécia Continental e escreveu uma Descrição da Grécia que chegou integralmente até nós. Nesse verdadeiro guia de viagem, além de observações geográficas e topográficas, Pausânias descreveu detalhadamente os monumentos visitados e registrou histórias, lendas e costumes locais.

O fim da Antiguidade

No início do século VI, na transição da Antiguidade para a Idade Média, o estado dos conhecimentos geográficos era o seguinte:

  1. o mundo civilizado estava ainda centrado no Mediterrâneo;
  2. conhecia-se a metade inferior da Europa, o terço ocidental da Ásia, e o quarto setentrional da África;
  3. a cartografia das terras conhecidas estava bastante avançada.

Assim, com exceção de importantes aspectos da Geografia Física, as demais ciências geográficas não haviam ainda ido muito além dos primeiros passos...