A prática religiosa grega

ἐὰν μὲν κεχαρισμένα τις ἐπίστηται τοῖς θεοῖς λέγειν τε καὶ πράττειν εὐχόμενός τε καὶ θύων, ταῦτ' ἔστι τὰ ὅσια, καὶ σῴζει τὰ τοιαῦτα τούς τε ἰδίους οἴκους καὶ τὰ κοινὰ τῶν πόλεων·.

Se alguém sabe dizer e fazer o que é agradável aos deuses, com preces e sacrifícios, é isso a piedade, que salva a família e cidade.

Placa com sacrifício para um heróiPlaca com sacrifício para um herói

Os antigos gregos não utilizavam nenhuma palavra parecida com o termo “religião”, de uso corrente entre nós; para eles, o que importava era a εὐσέβεια, ‘piedade’, ou seja, o respeito e a reverência devida aos deuses.

Todas as coisas eram da alçada dos deuses e deles não se esperava nenhum favor especial; a exemplo dos homens, eles agiam de acordo com o que recebiam (“toma lá, dá cá”): ver e.g. a inscrição de Mantiklos (CEG 326).

Não havia textos sagrados, nem regras fixas, nem sacerdotes profissionais. Eram os adivinhos e os oráculos, intérpretes de revelações da vontade divina, que auxiliavam os homens a entender os desígnios dos deuses.

E os bons desígnios divinos eram atraídos pelas práticas religiosas, que envolviam, via de regra, preces e libações, oferendas e sacrifícios de vários tipos.

As práticas que demonstravam o respeito aos deuses ou solicitavam sua intervenção em assuntos humanos podiam ser de interesse coletivo ou comunitário (“religião” pública), ou de interesse pessoal (“religião” privada).

Havia práticas religiosas públicas, como o culto aos deuses do Olimpo e aos heróis em diversos templos e santuários, e festivais religiosos de diversos tipos realizados periodicamente pelas póleis.

Na vida privada, além das preces e oferendas de caráter pessoal a um deus ou a um herói, era muito praticado o culto aos mortos. Após a morte, todos iam para o mesmo lugar, o Hades; mas, para isso, era essencial que os ritos fúnebres fossem escrupulosamente cumpridos.

Na esfera pessoal havia ainda os cultos de mistérios e, na esfera pública, os numerosos festivais religiosos celebrados pela pólis.