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O geométrico recente

-760 / -700

Entre -760 e -700, aproximadamente, figuras de homens e animais conhecidos desde o geométrico médio começaram a ocupar espaço cada vez maior nos vasos decorados.

miniaturaLamentação do morto

Imagens esquemáticas, desenhadas praticamente sem perspectiva e altamente estilizadas, com frequência formavam cenas reconhecíveis da vida comum, mas não é possível afirmar que essa ou aquela cena representa os episódios míticos popularizados nos séculos seguintes. A presença de centauros em algumas obras, no entanto, parece indicar que os mitos gregos já inspiravam os artistas da época.

E ornamentos puramente geométricos ainda recobriam, não obstante, boa parte da superfície de vasos de diversos tamanhos.

Ática

Nas últimas décadas do século -VIII, o aumento da população e da prosperidade refletiu-se na quantidade e qualidade dos vasos, principalmente naqueles encontrados em sepulturas com evidências de prosperidade. Ânforas enormes e ricamente decoradas com elaboradas figuras em painéis marcavam esses túmulos e, embora simples, as imagens eram expressivas e constituíam verdadeiras narrativas.

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Fig. 0175. Lamentação (πρόθεσις).

Painéis com desfiles, cenas musicais, batalhas e navios em viagem são particularmente impressionantes. Duas cenas fúnebres são emblemáticas desse período: a lamentação (gr. πρόθεσις) do morto[1] e o cortejo (gr. ἐκφορά) até a sepultura. Nas cenas de lamentação (Fig. 0175), o defunto usualmente jaz sobre algum tipo de leito e está cercado de várias figuras femininas de pé ou sentadas, as mãos erguidas até a cabeça, representando o arrancamento ritual de cabelos. Nos cortejos (Fig. 0176), guerreiros armados à pé e em carruagens com vários cavalos desfilam, portando escudos arredondados e até capacetes.

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Fig. 0176. Cortejo fúnebre (ἐκφορά).

Em Atenas, que aparentemente esteve na vanguarda das inovações, é possível reconhecer o estilo de alguns pintores ou de alguns grupos. Não sabemos o nome de nenhum deles, mas os eruditos recorrem a uma série de apelidos para diferenciá-los. Os mais importantes são o Pintor do Dipylon (c. -760/-750), o Pintor de Hirschfeld (-750/-735) e os membros de seus ateliês.

Outras regiões

Na Ática, o estilo geométrico recente perdurou até -700, mais ou menos. Nas demais regiões, inclusive em novos territórios povoados por imigrantes gregos, se estendeu até a segunda parte do século -VI. Em certos casos (e.g. Lacônia, Beócia) se fala em estilo subgeométrico.

A influência dos ceramistas e decoradores atenienses é generalizada, embora a preponderância de vasos de figuras, de cenas ou de motivos geométricos varie muito de região para região. Na Eubeia, predominam detalhadas cenas com homens e com animais, e o Pintor de Cesnola (c. -750/-740) é o mais importante dos artistas da época. Em Corinto e na Beócia a influência oriental é acentuada, e algumas cenas pintadas na Beócia têm nítida inspiração mítica. Alguns vasos coríntios mostram apenas duas aves separadas por delicados ziguezagues.

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Fig. 0177. Fragmento de cratera de Ísquia.

Nas Cíclades, notadamente em Paros e em Tera, predominavam representações estilizadas de rodas, círculos e aves; na Argólida, de homens e cavalos; em Creta e em diversas ilhas, de aves. E o misterioso Grupo de Tapsos, presente em Delfos, Tebas, Peloponeso e Sicília, decorou diversos vasos com cenas náuticas.

Um fragmento de cratera de Ísquia, ilha povoada por imigrantes da Eubeia, traz parte do nome do mais antigo ceramista / pintor grego conhecido (Fig. 0177). A inscrição contém, da direita para a esquerda, a fórmula que se tornaria comum nos séculos seguintes: [...]ΙΝΟΣ Μ' ΕΠΟΙΕΣ[ΕΝ], ‘...ino me fez’ ou ‘me pintou’.