No continente grego, o Heládico Antigo (HA) se desenvolveu a partir de -3000, aproximadamente.
As principais etapas culturais estão representadas em Eutresis (-3000/-2650), Korakou e Lerna (-2650/-2200), Tebas(-2400/-2100) e Tirinto (-2200/-2000)[1].
Tabela 1. Etapas do Heládico Antigo (HA)EtapaDatasHA I-2800 a -2500HA II-2500 a -2300HA III-2300 a -2100
As mais antigas comunidades evoluíram provavelmente a partir das culturas do Neolítico final e, a despeito da crescente influência das Cíclades, de Creta e de Troia, conservaram sua homogeneidade durante muito tempo. Prósperas aldeias de casas retangulares e telhado plano eram vistas praticamente em toda parte.
Os artefatos de metal eram raros e seguramente o estilo de vida se mantinha quase inteiramente neolítico.
Entre -2600 e -2200, fortificações e grandes edifícios foram erguidos no centro de várias aldeias litorâneas. Eram todos, praticamente, retangulares e com vários cômodos, longos corredores e telhas de terracota. Importantes inovações, como as telhas da famosa Casa das Telhas de Lerna e os tijolos cozidos da Casa Redonda de Tirinto, foram usadas na Europa pela primeira vez.
Não há consenso, no entanto, quanto à exata função desses grandes edifícios. Teriam sido prédios públicos destinados a atividades religiosas, econômicas ou políticas, ou eram apenas a residência privada de cidadãos proeminentes?
Houve um expressivo aumento dos artefatos de metal durante essa segunda fase cultural: punhais e pinças de cobre e bronze, assim como as tradicionais lâminas de obsidiana[2], eram numerosos. A cerâmica era também muito mais rica e variada do que antes, e os vasos eram habitualmente recobertos com um acabamento brilhante, o Urfirnis do Heládico Antigo (diferente do Urfirnis neolítico). O formato mais característico é o dos cálices de bico, apelidados de “molheiras” pelos arqueólogos.
As diversas marcas de selos presentes em vasos e próximo às lareiras, em especial, seriam indicações de que o conceito de identificação da propriedade privada já era conhecido. As marcas incisas detectadas em diversos vasos de cerâmica eram possivelmente sinais de identificação.
Estatuetas de vacas, touros e ovelhas de barro eram bastante comuns, algumas com profundos cortes no abdomen, o que poderia ser uma evidência de procedimentos ligados a rituais e do oferecimento de sacrifícios. Estatuetas femininas, comuns durante o Neolítico, eram raríssimas.
A partir de -2400/-2300 chegaram às aldeias litorâneas do leste da península novas vagas de imigrantes da Anatólia ocidental. São notáveis as mudanças no estilo da cerâmica (pratos, taças com duas alças), o uso da roda de oleiro e edifícios apsidais[3], semelhantes ao mégaro[4].
Em toda parte, do sul da Tessália ao norte do Peloponeso, essas culturas anatólicas menos avançadas fundiram-se praticamente sem traumas com as culturas anteriores. Somente em alguns locais da Argólida, por exemplo Lerna, há evidências inequívocas de violência e destruição. Em Tirinto e possivelmente também em Lerna foram encontrados os mais antigos vestígios de cavalos domesticados, datados de
-2200/-2000.
Casa das telhas. Lerna, -2500/-2200
O tratamento dado aos mortos foi extremamente diversificado em todas as etapas culturais do Heládico Antigo, e nenhuma tendência em especial pode ser especificada com segurança. Os corpos eram sepultados individualmente, em covas simples, dentro de vasos ou não, ou em
cistas[5]. Pequenos túmulos em câmara exibiam também enterros múltiplos, muito semelhantes aos das Cíclades. Embora alguns poucos enterros ocorressem nas casas, a maioria dos cemitérios ficava fora das aldeias.