Eratóstenes / Geografia
Os três volumes da Geografia de Eratóstenes se perderam, mas dispomos de extensas informações sobre o texto graças ao geógrafo Estrabon.
Estrabon
Sinopse estrutural
O texto com as passagens reunidas ocupa 66 páginas da edição de Roller (2010). Cerca de 400 topônimos são mencionados, alguns dos quais não foram esclarecidos até hoje.
Livro 1
1 Introdução. 2-11 Homero e a geografia. 12-4 História da geografia. 15-8 A formação da terra. 19-24 Mitos geográficos.
Livro 2
25 Introdução. 26-7 Metodologia. 28-38 Tamanho e forma da terra. 39 A natureza do Oceano. 40-3 As qualidades únicas de Siena e sua região. 44 As zonas terrestres.
Livro 3
46-52 Plano do mundo habitado.
53-6 A forma do mundo habitado.
57-63 Os paralelos.
64-5 Os meridianos.
66 Conceito das divisões do mundo habitado: ‘selos’
Comentários sobre alguns temas
Duas interessantes noções que Eratóstenes delineia no tratado são o ecúmeno e a definição de coordenadas geográficas que possibilitam a confecção de mapas.
Ecúmeno
Para os gregos do século
Eratóstenes procurou ajustar as relações e distâncias entre as terras do ecúmeno em um globo dividido em zonas. Assinalou as variações da superície e criou um sistema de medidas apropriado ao formato esférico e procurou resolver algumas pendências que atribulavam os estudiosos que se dedicavam à Geografia.
Traçou a rota do rio Nilo até Cartum (Sudão) e foi o primeiro autor antigo a supor que o rio tinha origem em um lago e o primeiro a explicar, quase corretamente, que as cheias periódicas do Nilo eram provocadas por pesadas chuvas que caíam próximas à sua nascente. Descreveu também a “Arábia Feliz”[2] e suas raças.
Coordenadas geográficas
Com Eratóstenes, a confecção de mapas do mundo conhecido passou indubitavelmente a
seguir métodos científicos. Os geógrafos anteriores haviam especulado livremente a respeito da extensão do ecúmeno; Eratóstenes,
por sua vez, calculou em 38.000 estádios a extensão
Aperfeiçoando um procedimento efetuado anteriormente por Dicearco
Apesar dos avanços obtidos, para os padrões modernos o mapa de Eratóstenes continha ainda muitos erros. O tamanho da maioria das regiões, por exemplo, estava fora de escala e o mítico conceito do oceano circular que envolvia toda a massa de terras não foi abandonado.
Recepção
Na Antiguidade, a reputação de Eratóstenes como geógrafo foi eclipsada pelo seu trabalho em outras áreas. A Geografia não foi muito bem recebida após sua publicação e teve
muitas críticas, principalmente do astrônomo Hiparco de Niceia
Por causa disso, talvez, suas contribuições à geografia
logo foram esquecidas. Plutarco e Ateneu, entre outros, falam de Eratóstenes muitas vezes, mas apenas da poesia e de seus outros trabalhos
Nos séculos I e II, época dos geógrafos Estrabon e Agatárquides de Cnidos, sua obra geográfica foi reabilitada e a influência de seu sistema de coordenadas na cartografia grega dos séculos
posteriores se tornou considerável. Dionísio Periegetes
Edições e traduções
Há, atualmente, 155 “fragmentos” (paráfrases, mais precisamente) reconhecidos dos três livros da Geografia. Fragmentos e testemunhos foram reunidos pela primeira vez por Günther Seidel em 1798 e, em 1880, Ernst Berger publicou uma edição mais completa e crítica. Nenhum deles, contudo, considerou o tratado Da Medida da Terra separadamente.
A
Em português, estão disponíveis somente pequenos trechos do Livro 3 de Estrabon